O Secretário de Estado da Conservação da Natureza, das Florestas e do Ordenamento do Território, João Catarino, esteve esta manhã na cerimónia do 10.º aniversário do Centro Nacional de Reprodução do Lince-Ibérico, que decorreu no Castelo de Silves.
Como se sabe, o Centro Nacional de Reprodução do Lince-Ibérico tem por missão a conservação desta espécie de felino, a mais ameaçada do mundo. Nos últimos 10 anos de funcionamento, do Centro, o único de reprodução da espécie em Portugal, nasceram em cativeiro 122 linces, tendo sobrevivido 89 (73%) e sido introduzidos 69 em meio natural.
Atualmente, existem 29 espécimes, sendo que, em 2019, nasceram oito crias - seis serão libertadas em meio natural no início de 2020 e duas permanecerão em cativeiro.
Dados relativos a 2018 revelam que através do Programa de Conservação Ex Situ, que visa a manutenção da espécie em meio natural, existem cerca de 650 linces em liberdade em toda a Península Ibérica. Até à data, foram libertados 40 animais no Vale do Guadiana, havendo atualmente 104 espécimes monitorizadas.
Estes números que foram transmitidos aos convidados que estiveram na cerimónia, revelam um trabalho de «excelência», estatuto confirmado por Rodrigo Serra, Gestor do Centro, ao Algarve Primeiro.
Para chegar aqui, foi preciso muito trabalho, em conjunto com todos os outros Centros do programa de reprodução em cativeiro Ibérico - mais 4 em Espanha - sendo o Centro de Silves «um projeto reconhecido mundialmente, porque de facto temos apoio externo de investigadores de vários países. Temos é que devolver essa capacidade técnica e cientifica à comunidade, seja com estudantes portugueses ou estrangeiros que cá vêm aprender com a nossa experiência, num fluxo de conhecimento internacional».
Rodrigo Serra lembra que o trabalho começou numa situação muito complicada, «na altura o Lince estava muito ameaçado, felizmente conseguimos evitar a sua extinção, mas foi um trabalho tecnicamente muito complicado, além de que a pressão era muito grande».
Um dos momentos difíceis na história do Centro, foi o grande incêndio no Verão de 2018 que chegou também ao concelho de Silves, tendo feito estragos em algumas estruturas. «Estamos a falar de todos os sistemas elétricos, fornecimento de água, vedação, enriquecimento ambiental. No fundo é uma estrutura gigantesca de 1,6 ha, só os cercados é que arderam, porque precisamos de vegetação, sem a qual não há um habitat que permita ter línces com boa qualidade de vida, de resto, todos os edifícios estavam protegidos e graças a uma operação bem coordenada, foi possível em 4 meses recuperar as estruturas danificadas, num investimento com verbas do Fundo Ambiental, sob coordenação do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas».
Ao nosso jornal, o Secretário de Estado João Catarino, confirmou que os resultados hoje apresentados «mostram o excelente trabalho que tem sido feito. Posso dizer que a equipa que trabalha no Centro deve sentir-se orgulhosa pelo percurso desenvolvido, já que é uma referência mundial nesta questão».
O governante registou que o projeto tem tido a oportunidade de ter um conjunto de apoios financeiros, «que são um importante reforço», realçando o Programa "Life", o ICNF ou a empresa Águas do Algarve, «com um apoio significativo, cujos resultados estão à vista».
João Catarino confirmou ainda que o Governo está apostado na valorização das áreas protegidas, «nomeadamente no reforço da biodiversidade e na salvaguarda dessa biodiversidade, com programas específicos para que estas áreas não tenham apenas um conjunto de limitações, mas que sejam diferenciadoras e que possam por via do turismo, ser igualmente potenciadas».
Também ao Algarve Primeiro Rosa Palma - Presidente da Câmara Municipal de Silves, enalteceu o desempenho do Centro, «dou os parabéns à equipa que tem sido persistente e feito um trabalho incrível, resultando no sucesso que tem hoje».
A autarca reafirmou o total apoio da Câmara Municipal ao trabalho do Centro. «Queremos que tudo aquilo que é feito, seja também reconhecido por quem nos visita, essa realidade ainda não foi possível concretizar, porque como se sabe, o Centro não é visitável, já que põe em risco as próprias espécies que estão a ser reproduzidas».
Sobre estão questão, Rosa Palma confidenciou que já está aberto concurso para a criação de um Centro Interpretativo do Línce Ibérico, «onde será possível reproduzir o trabalho que a equipa faz todos os dias, na recuperação e na reprodução desta espécie».
Refira-se que na cerimónia estiveram também presentes Joaquim Correia Peres - Presidente da Águas do Algarve, Nuno Banza - Presidente do ICNF e Castelão Rodrigues - Diretor Regional do ICNF.