A Direcção do Sindicato da Hotelaria do Algarve reuniu esta segunda-feira e analisou os dados mais recentes do INE sobre a actividade turística que revelam a evolução positiva do sector em todos os domínios, seja em relação à da taxa de ocupação, seja em relação ao número de dormidas, em relação ao rendimento médio por quarto ou aos proveitos.
Relativamente aos salários e às condições de trabalho o Sindicato da Hotelaria do Algarve, diz que o que se tem vindo a verificar é precisamente o oposto, salários que não são aumentados à vários anos, salários em atraso, precariedade a alastrar, emprego a reduzir, recurso crescente aos estágios profissionais, muitos deles não remunerados, encerramentos temporários “empurrando” os trabalhadores para o desemprego e limitações à liberdade sindical.
O Sindicato lembra que o ano de 2013 foi o melhor ano turístico de sempre e, de acordo com os indicadores, 2014 ainda vai ser melhor.
A proposta do Sindicato é de um aumento de 3% nos salários, 1 euro por dia, com um mínimo de 30 euros, proposta recusada pelo “patronato não apresentando uma contra-proposta”.
Face a esta situação, durante os meses de Agosto e Setembro, o Sindicato irá levar a cabo uma campanha nas empresas e locais de trabalho no sentido de mobilizar os trabalhadores para lutarem por melhores salários e exigirem o respeito pelo seu Contrato Colectivo de Trabalho e a sua aplicação.
A somar à precariedade, à não actualização dos salários desde 2009, à desregulação dos horários, ao “roubo” no pagamento do trabalho suplementar e nos feriados, entre outros aspectos, está o facto de as empresas recorrerem cada vez mais aos estagiários, muitas vezes para ocuparem postos de trabalho que deveriam ser preenchidos por profissionais.
Esta estrutura sindical, informa que o número de estagiários com 14, 15 e 16 anos de idade no sector, instalados em alojamento das empresas, é cada vez maior, muitos deles sem receberem salário, sujeitos à pressão de conseguirem avaliação positiva no final do estágio, sujeitando-se a condições de trabalho que só lembram os tempos negros do trabalho infantil, sendo alvo de uma maior exploração com horários mais alargados e tempos de descanso mais limitados.
Uma situação que exige medidas do Governo para um maior controlo das entidades responsáveis, para que estas fiscalizem e acompanhem de perto as empresas que recorrem aos estágios profissionais.