O Movimento Tavira Sempre informa que esteve presente, ontem à noite, na reunião da Assembleia Municipal de Tavira, tendo lido um manifesto «contra a falta de refexão acerca do projecto da nova ponte sobre o rio Gilão».
Segundo o Movimento, trata-se de um documento que foi assinado por 24 técnicos da área da arquitectura, entre eles, Álvaro Siza Vieira, Eduardo Souto Moura e João Luís Carrilho da Graça.
No mesmo manifesto, o Movimento, realça que sendo Tavira «uma das cidades melhor conservadas do Algarve, é absolutamente incontornável que qualquer intervenção urbanística e/ou arquitetónica, sobretudo em áreas urbanas de especial sensibilidade como as ARU’s (Áreas de Reabilitação Urbana), seja fundamentada num quadro de “pensamento em ação” multidisciplinar de responsabilidade e competência politico-profissional: do urbanismo à arquitetura, da arqueologia à história e cultura das artes, da geografia física e humana à antropologia, da sociologia à economia».
Nessa perspetiva o manifesto sublinha ser consensual «pelos diversos atores e autores profissionais com responsabilidade na construção e (re)construção da cidade contemporânea» que as intervenções executadas no âmbito dos centros históricos devem honrar os princípios defendidos em 1931 na Carta de Atenas, que motivaram em 1945 a criação da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) e que culminaram na primeira doutrina internacional diretamente associada à preservação das cidades históricas em 1975 - a Carta Europeia do Património Arquitetónico, onde se defende que “a conservação do património arquitetónico depende largamente da sua integração no quadro de vida dos cidadãos e da sua consideração nos planos de ordenamento do território e de urbanismo”.
Para o Movimento, o processo de conceção e construção de uma ponte-viaduto para o centro histórico de Tavira, bem como sobre as alterações que esta operação irá implicar no que se refere à manutenção e salvaguarda de valores patrimoniais, culturais e identitários fundamentais, «dizem respeito não só à população local, mas a todos os que visitam a cidade, hoje e amanhã».
O Tavira Sempre apela ainda à urgência de “parar para refletir” a favor da definição de uma estratégia de intervenção urbana abrangente, que contemple não só o local específico de implantação da nova ponte, mas também o projeto da globalidade das frentes ribeirinhas da cidade, devidamente articuladas com os outros espaços abertos/verdes «de forma a constituir na cidade, uma estrutura ecológica coerente e a determinar a fundamentação credível e “justa” para a construção da (eventual) nova travessia do Rio Gilão, nesta ou noutra qualquer localização que melhor se justifique».
Recorde-se que o Movimento Cívico "Tavira Sempre", quer travar a construção da nova ponte sobre o Rio Gilão, «por trazer mais carros para o centro histórico, num projeto que não foi alvo de discussão pública envolvendo a população»
Além deste aspeto, reclama que a nova ponte «vai obrigar ao corte da zona pedonal do icónico Jardim do Coreto e conduzir carros para zonas onde não há soluções de estacionamento e em que deveriam ser privilegiadas as zonas pedonais, geradoras da fruição do espaço».