A campanha de escavações, na cidade romana de Balsa no concelho de Tavira, terminou, na passada sexta-feira, dia 15 de julho, informou o município.
Em comunicado, a autarquia lembra que estas escavações, surgiram no âmbito do projeto em curso, financiado pelo CRESC 2020, BALSA, Searching the Origins of Algarve, coordenado pela Universidade do Algarve em parceria com o Centro de Ciência Viva de Tavira, o município de Tavira e a Direção Regional de Cultura do Algarve.
A campanha deste ano incidiu em terrenos da antiga Quinta das Antas, em área periférica daquela urbe romana. Segundo a mesma fonte, "foram utilizados um geomagnetómetro e um tomógrafo, pela equipa da Unidad de Geodetección da Universidade de Cádis, com o intuito de cruzar as leituras recolhidas do subsolo por estes aparelhos com os dados obtidos por georadar, nos anos anteriores".
Foi com base nestes dados, que foram levadas a cabo escavações junto à Ria Formosa para conhecer detalhes sobre um importante e extenso complexo dedicado à transformação de preparados de peixe, permitindo conhecer alguns tanques, onde se produziam molhos e pastas de peixe.
Para já, os dados apontam que estas fábricas, ou parte delas, tenham funcionado nos séculos I e II d.C., sendo controladas por uma grande e rica casa (villa) que se situava numa plataforma mais elevada a pouco mais de 100 metros.
Parece que após o abandono desta villa, ainda no século II, pelo menos parte das fábricas terão continuado a funcionar até aos séculos IV ou mesmo V, de acordo com cerâmicas dessa época encontradas sob o derrube de um telhado que preencheu um dos tanques escavados. Desta grande e rica casa escavou-se uma divisão com um pavimento de mosaico. Séculos depois da casa ter sido abandonada e, aparentemente, quando os restos da casa já estavam soterrados e não se viam, implantou-se uma sepultura estruturada com grandes pedras, cobertas por ladrilhos argamassados, o que obrigou a cortar um dos muros e parte do pavimento de mosaico. Esta sepultura apresenta algumas características típicas das primeiras sepulturas cristãs que se conhecem na região a partir do século V, lê-se no documento.
Neste momento, os objetivos essenciais do projeto que visavam determinar com bases científicas, o perímetro urbano da cidade romana de Balsa e o grau de preservação das suas ruínas foram, globalmente, atingidos. A câmara de Tavira sublinha que o avanço do conhecimento só foi possível graças ao apoio de alguns proprietários dos terrenos, onde decorreram os trabalhos, bem como a colaboração das entidades parceiras e dos estudantes das Universidades do Algarve e de Lisboa que participaram nestas investigações.