Economia

Tavira: Mega projeto quer dar nova vida ao Barril

Bem conhecida dos turistas nacionais e estrangeiros, a Praia do Barril vai ganhar uma nova vida e outra projeção no panorama turístico em geral.

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Um projeto desenvolvido por várias entidades pretende atrair turistas e combater a sazonalidade numa praia que tem tudo para mostrar as suas potencialidades.
 
 A Universidade do Algarve e o Grupo Pedras, proprietário do resort Pedras d’el Rei, estabeleceram um consórcio para a criação de um projecto inovador, que tem como objetivo criar novos negócios e combater a sazonalidade na Praia do Barril, em Tavira. 
 
Como parte da iniciativa, que vai ser apresentada publicamente no dia 5 de outubro, 12 ex-alunos da universidade vão participar num estágio remunerado com a duração de um ano.
 
O plano é que os 12 estagiários (licenciados e mestrados) desenvolvam ideias que tragam nova vida à Praia do Barril como parte de um conceito mais abrangente, que pretende devolver novo fulgor à zona ao disponibilizar produtos e serviços turísticos inovadores, direcionados para os mercados do turismo sénior e acessível.
 
António Almeida Pires, diretor-geral do resort Pedras d’el Rei, em Tavira, é o grande impulsionador deste projeto que, convidou a Universidade do Algarve a juntar-se à iniciativa para proporcionar apoio académico e credibilidade institucional ao mesmo.
 
As expectativas são elevadas e, o diretor-geral avança: “Esperamos que este projeto tenha um efeito positivo no turismo da região durante a época baixa. O Barril precisa desesperadamente de requalificação, pois estamos a tentar direcionar este destino para o mercado sénior, que é muito mais exigente”.
 
O projeto envolve diversas entidades que vão trabalhar em articulação, o que traduz que, enquanto os estagiários vão ser responsáveis pelo trabalho prático, as duas entidades – em conjunto com a associação tavirense Raiz, Câmara Municipal de Tavira, Almargem, Agência Portuguesa do Ambiente e Instituto de Conservação da Natureza e Florestas – vão funcionar como uma rede de parceiros que vai facilitar o contacto com outras entidades, a obtenção de oportunidades de financiamento e ainda orientar o projeto geral, graças ao seu extenso know-how.
 
É de realçar que, as primeiras reuniões decorreram há cerca de um ano entre Almeida Pires e a Universidade do Algarve, que é hoje representada na iniciativa pelo professor catedrático António Covas, sendo que, a primeira tarefa dos dois “parceiros” foi promover um edital que procurava estagiários para áreas como a arquitetura paisagista, gestão, biologia marinha e arquitetura – setores de conhecimento que podem não só ser aplicados ao Barril para melhorar a qualidade geral da área, mas também para criar micro negócios que irão atrair no-vos turistas, combatendo assim a sazonalidade turística da zona.
 
Selecionados com a ajuda do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), os estagiários vão viver no empreendimento Pedras d’el Rei gratuitamente durante o estágio, bem como receber um salário que irá rondar os €700.
 
António Covas admitiu tratar-se de um projeto de alto risco porque se está a colocar muita ambição sem ter os recursos necessários, pelo que, “toda a iniciativa vai depender da capacidade dos estagiários em criar soluções para a zona.”
 
É de salientar que, nos critérios de seleção dos candidatos, eram avaliadas não só as suas competências académicas, mas também o empenho e capacidade de inovar dos candidatos, isto porque, se pretende a criação de negócios próprios no final do estágio.
 
Um dos primeiros projetos vai ser a organização de uma exposição de fotografia da vida selvagem, que foram doadas ao Parque Natural da Ria Formosa por um fotógrafo alemão, e que serão exibidas na apresentação pública do projeto, que vai decorrer no dia 5 de outubro.
 
Os objetivos a médio-prazo incluem ainda a criação de uma estação náutica, de um núcleo museológico – que vai prestar homenagem à importância da atividade piscatória no Barril em décadas passadas – e a reabilitação da paisagem através da plantação de espécies autóctones.
 
Várias atividades, como workshops, seminários, palestras, residências de artistas e mercados de rua vão também ser organizadas semanalmente.
 
De acordo com os promotores, este projeto tem como objetivo desenvolver o Barril durante o estágio de um ano, e que os jovens estagiários acabem por criar o seu próprio negócio na ilha de Tavira no final do processo. 
 
As possibilidades são infinitas, acrescenta o arquiteto paisagista responsável por reabilitar a flora da zona, pode, por exemplo, fundar o seu próprio viveiro de plantas autóctones, enquanto os estagiários encarregues de melhorar a acessibilidade da concessão – Almeida Pires mencionou mesmo a possibilidade de todos os menus dos restaurantes do Barril se-rem traduzidos para Braille – poderão implementar uma unidade de fisioterapia ou até criar um centro de agricultura com fins terapêuticos, onde a plantação e colheita de vegetais estaria acessível a pessoas com deficiência. 
 
“É uma experiência única e inexistente no Algarve, o que seria um fator diferenciador”, disse Almeida Pires.
 
O mesmo se aplica a outra causa que os promotores querem defender – a dieta mediterrânica. 
 
Incluído nos planos está ainda um gabinete de aconselhamento nutricional em parceria com a Escola Supe-rior de Saúde da Universidade do Algarve, que poderá ajudar a atrair o tão desejado público-alvo sénior. Apesar de o capital para estes micro negócios não ser viabilizado pelos fundadores do projeto, estes irão ajudar os estagiários a aceder a soluções de financiamento, como o microcrédito, crowdfunding (obtenção de capital para iniciativas de interesse coletivo, muitas vezes pela Internet) ou protocolos bancários com instituições bancárias. 
 
“Se formos bem sucedidos, não tenho dúvidas de que este projeto vai ser replicado noutras regiões do país. Estamos todos implicados; se eles falharem, todas as entidades envolvidas vão assumir a responsabilidade por isso”, concluiu o professor Covas.
 
Algarve Primeiro