Uma tina cerâmica de grandes dimensões, que foi exumada durante a intervenção arqueológica no espaço localizado por baixo da Biblioteca Municipal de Silves (área que corresponderia ao Arrabalde Oriental da Cidade Islâmica), passou agora a integrar a exposição permanente do Museu Municipal de Arqueologia de Silves.
A peça, que mede cerca de 0,55m de altura e 0,85m de diâmetro, foi retirada intacta da área intervencionada, com recurso a um complexo trabalho de cooperação entre arqueólogos e empreiteiro, pelo que foi necessário construir uma viga para suportar a casa contígua a norte, de modo a poder retirar o objeto, informa a autarquia.
Este tipo de objetos é muito raro no território português, encontrando paralelos na cidade de Zamora (Espanha) e estaria associado à indústria dos curtumes.
Foi a grande quantidade de cal agregada às paredes internas do recipiente que remeteu os arqueólogos para a interpretação da sua funcionalidade. Serviria para nele se mergulharem as peles, de modo a que a cal atacasse o que restava da epiderme e do tecido subcutâneo dos animais, ao mesmo tempo que aumentava e dilatava as fibras da derme, preparando-as para melhor absorverem o banho de tanino que se lhes seguia, no processo de tratamento de peles.
O objeto em causa, terá uma cronologia em torno do século XII e será apresentado num encontro científico que terá lugar na cidade francesa de Montpellier, no âmbito de um Congresso Internacional sobre Grandes Contentores Cerâmicos.