Sociedade

Trinta trabalhadores da hotelaria manifestam-se em Faro por aumento de salários

Cerca de três dezenas de trabalhadores da indústria hoteleira e turística manifestaram-se hoje em Faro contra o congelamento dos salários desde há vários anos, uma adesão reduzida que os sindicalistas justificaram com o medo de despedimento.

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“É mesmo necessário o aumento do salário”, “Fartos de aldrabões, queremos soluções”, “Lutamos por uma vida digna” ou “Desemprego em Portugal é vergonha nacional” foram algumas das palavras de ordem ouvidas hoje, na Baixa de Faro, numa iniciativa inserida na “Semana de Luta” da CGTP-IN, que convocou hoje uma greve de 24 horas na hotelaria algarvia pelo aumento dos salários e cumprimento do contrato coletivo de trabalho. 
 
“Estou neste protesto para defesa dos direitos que têm sido roubados e pelo nosso acordo coletivo de trabalho, porque estamos em negociações e não há meio de ser desbloqueado”, disse Angélico Graça, 57 anos, trabalhador num resort em Tavira e dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo Restaurantes e Similares do Algarve. 
 
Angélico Graça, que há 12 anos tem o salário congelado, justificou a diminuta adesão dos trabalhadores ao protesto de hoje em Faro com o facto de os trabalhadores terem medo de serem despedidos, não terem os contratos renovados ou, simplesmente, porque o dinheiro de um dia de salário lhes faz falta. 
 
Segundo o representante, o setor do turismo no Algarve tem registado mais clientes - “o turismo de estrangeiros tem aumentando grandemente” - e, por isso, o sindicalista e trabalhador não vê razões para que o patronato “não dê pelo menos um euro de aumento por dia”. 
 
“A justificação que vemos para isto é o medo que se gera neste país. As pessoas têm medo de sair das empresas, porque são apontadas, porque fazem greve, porque são dirigentes sindicais […]. É difícil mobilizar, porque as pessoas têm receio de perder mais um dia de salário, porque ao fim do mês isto pesa no orçamento familiar” e “têm medo de ser despedidas”, explicou. 
 
Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2013 o Algarve apresentou resultados turísticos positivos em relação a 2012, ou seja, mais 3,6% de hóspedes, mais 3,5% de dormidas, mais 4% de proveitos e um crescimento do número de passageiros no Aeroporto Internacional de Faro. 
 
“É um dia de luta do setor de hotelaria do Algarve, porque os trabalhadores estão fartos de não verem os seus salários aumentados”, apesar dos resultados positivos há vários anos seguidos, concluiu Tiago Jacinto, dirigente do sindicato. 
 
Sandrina Lopes, 42 anos, a trabalhar numa unidade na Quinta do Lago (Loulé), recebe 580 euros líquidos de ordenado e há cinco anos que tem o salário congelado. 
 
“É muito pouco para sobreviver, com marido desempregado e uma filha menor para criar”, lamentou a trabalhadora, durante a concentração.