AtlantOS, um dos maiores e mais ambiciosos projetos europeus de investigação marinha das últimas décadas, foi apresentado na semana passada, em Bruxelas.
Contando com 62 parceiros, de 18 países, entre os quais a Universidade do Algarve, este projeto pretende definir a estrutura geral do novo sistema de observação oceânico europeu, desenvolvendo observações e sistemas de previsão para uma melhor gestão e exploração sustentável dos recursos marinhos.
A União Europeia financia o AtlantOS como parte do programa-quadro "Horizonte 2020", com cerca de 20 milhões de euros, durante um período de quatro anos. O projeto é coordenado pelo Geomar Helmholtz Centre for Research Oceano Kiel.
Concretamente, no que diz respeito à UAlg, a sua participação centra-se na demonstração de produtos finais para os utilizadores, tendo em conta a componente dos derrames de hidrocarbonetos.
Neste âmbito, investigadores do Centro de Investigação Marinha e Ambiental (CIMA) da UAlg irão desenvolver sistemas de previsão e mapas de risco dinâmico de derrames de hidrocarbonetos, cruzando simulações hidrodinâmicas com as rotas dos navios, utilizando, para isso, dados europeus disponíveis para todo o Atlântico.
Este conceito será aplicado a todo o oceano, numa ótica de demonstração. A costa do Algarve terá um tratamento especial visto já existir muito trabalho de base desenvolvido pela equipa para a região.
Segundo Flávio Martins, docente e investigador responsável pela coordenação deste projeto na UAlg, "os resultados finais do AtlantOS transcendem em muito as questões locais. Contudo, as mais-valias são garantidas pelo facto de termos uma equipa da UAlg no projeto que transferirá o conhecimento para a região".
Paralelamente, a mesma equipa de investigação está a desenvolver um sistema de previsão marítima da costa do Algarve (SOMA), com valências não só na previsão do risco de derrames de hidrocarbonetos, mas também de outras aplicações para a economia local: aquacultura, pescas, turismo náutico, ecoturismo, ambiente, entre outras.