A Universidade do Algarve informou esta quarta-feira em comunicado que conseguiu sete candidaturas aprovadas no âmbito do Aviso 02-SAICT-2017 (Projetos de IC&DT em todos os Domínios Científicos 2017).
Nesta primeira fase, a UAlg obteve um total elegível de 1 571 583,67 euros, o que equivale a um financiamento de 621 633,27 pelo PO Algarve, sendo o restante suportado pelo Orçamento de Estado.
Conforme explica a Ualg sobre os projetos em causa, o Centro de Investigação em Biomedicina conseguiu apoio para desenvolver dois projetos de investigação na área da Medicina e Ciências da Saúde, num investimento elegível de cerca de 500 mil euros.
O projeto “DevoCancer - Descodificação da evolução do cancro da mama através de assinaturas de expressão diferencial do alelo mutado”, liderado pela investigadora Ana Teresa Maia, tem como objetivo contribuir para a identificação e caracterização dos diferentes tipos de tumores, por forma a conseguir pensar novas estratégias de tratamento e gestão da doença. Tendo em conta que a heterogeneidade dos tumores é uma das principais causas da falha dos tratamentos e, consequentemente, da elevada mortalidade provocada por este tipo de cancro, a equipa pretende colocar a hipótese do RNA ser biologicamente revelante para compreender este tipo de mutações. Já o projeto “VITAL”, coordenado pelo investigador José Bragança, pretende debruçar-se sobre a investigação em torno da Cardiomiopatia da não-compactação do ventrículo esquerdo, a terceira doença cardíaca mais comum, causada, presumivelmente, por uma falha durante o desenvolvimento fetal. O grupo de investigação espera, assim, identificar um conjunto de genes envolvidos no desenvolvimento e progressão da doença por forma a utilizá-los como marcadores genéticos específicos para diagnosticar e tratar, de forma cada vez mais eficaz, este tipo de pacientes.
O Centro de Investigação Marinha e Ambiental viu aprovado o projeto “Exploring New approaches to simuLAte long-term Coastal Evolution”, coordenado pela investigadora Susana Costas, com um investimento elegível de cerca de 230 mil euros. As previsões de longo-termo de evolução costeira, as escalas de décadas, são cada vez mais procuradas para o planeamento e adaptação face às alterações climáticas e à subida do nível médio do mar. O ENLACE irá aplicar modelos numéricos baseados em processos físicos, com o objetivo de identificar a melhor estratégia para simular a evolução a longo-termo das costas arenosas. Esta estratégia será determinada por um balanço entre reducionismo e síntese para capturar comportamentos morfológicos chave que expliquem e ajudem a prever alterações a um nível de "complexidade apropriada".
Natália Marques, investigadora do Centro de Eletrónica, Optoelectrónica e Telecomunicações candidatou-se com o projeto “SourUnion - Análise da interação entre o porta-enxerto laranjeira azeda e a variedade enxertada que provoca o declínio dos citrinos na presença do Citrus tristeza vírus”, obtendo um financiamento que ronda os 87 mil euros. A laranja azeda tem características agronómicas altamente desejáveis, bem adaptadas à bacia do Mediterrâneo e à maioria das regiões de cultivo de citrinos. No entanto, é suscetível à doença viral de maior importância económica dos citros, Citrus tristeza vírus (CTV), que induz o declínio (ou tristeza) e a morte de variedades cítricas enxertadas. O objetivo deste projeto é identificar e validar compostos biomarcadores associados à doença em declínio para melhorar a laranja azeda e, assim, responder à sua procura e ao desenvolvimento da citricultura do Mediterrâneo.
Neste lote dos sete projetos está o do investigador João Brandão, do Grupo de Química Teórica da UAlg, que também viu aprovado o seu projeto na área da Química, intitulado “ReaDyHyCiCN: Estudos da dinâmica da combustão do hidrogénio em nanotubos de carbono”, com um investimento elegível total de cerca de 151 mil euros. O programa Multiprocess Reaction Dynamics (MReaDy), que mostrou modelar com precisão a combustão em fase gasosa de uma mistura de hidrogénio e oxigénio, será adaptado para estudar a mesma reação confinada a um nanotubo de carbono em diferentes condições de diâmetro, pressão do gás e temperatura. Este projeto visa estudar e otimizar as condições para a combustão de hidrogénio a baixas temperaturas, sem formação de chama, sendo a energia libertada neste processo acumulada como energia de vibração dos nanotubos de carbono e como energia cinética dos produtos.