O nível de incumprimento das empresas portuguesas permanece bastante elevado, mas há uma região onde o problema se assume como endémico: no Algarve, um em cada três empréstimos bancários está em incumprimento.
Segundo o "Público", para se ter uma ideia do que se passa no Sul do país, o rácio de crédito vencido das sociedades não financeiras, que em Setembro estava nos 31,3%, é quase o dobro da média nacional (16,5%), de acordo com os dados do Banco de Portugal.
Com uma economia muito baseada na construção e no imobiliário, bem como nos serviços ligados ao turismo, o Algarve começou a registar um aumento do crédito malparado nas empresas logo em 2007/2008, quando começou a crise financeira nos Estados Unidos. No entanto, a região estava a par e passo com o resto do país, um padrão que se alterou a partir de Junho de 2011, data em que o país perdeu o acesso ao financiamento externo e teve de recorrer à troika de credores (BCE, FMI e Comissão Europeia).
O "Público" frisa que com o travão a fundo da economia portuguesa, que atravessou uma profunda recessão em 2012, e congelamento de novos empréstimos, os sectores da construção e do imobiliário foram dos mais afectados, com ondas de choque no desemprego. É nesta altura que o Algarve, onde muitas empresas destes sectores estavam activas, começa a divergir da média nacional.
Em 2012, por exemplo, o rácio de incumprimento das sociedades não financeiras da região algarvia sobe dos 11,6% para 18,6%, enquanto a média nacional passa de 7% para 10,6%. Em Setembro deste ano, última data para a qual há dados disponíveis, o Algarve passou mesmo, pela primeira vez, a fasquia dos 30%. Nesse período, o rácio de crédito vendido do sector da construção fixou-se nos 31,5%.