Sociedade

Uma vida demasiado regrada não conduz à felicidade

 
É verdade que precisamos de regras, de normas e valores para sermos mais felizes e, sobretudo, para vivermos mais tranquilos e seguros, uma vez que controlamos e limitamos uma série de riscos e perigos, ainda assim, um estilo fechado e demasiado concentrado nas regras em todas as atividades do nosso quotidiano, retira-nos o prazer de viver, a liberdade de pensamento, a criatividade e, acima de tudo, condiciona-nos as emoções.

São cada vez mais os estudiosos que apontam a importância da descompressão e do tempo livre como melhoria da qualidade de vida, bem-estar e felicidade. Na base das suas teorias está a necessidade de dar espaço às emoções para que tenhamos mais liberdade de ação, para que trabalhemos com mais vontade e criatividade e, acima de tudo, para que saibamos relacionar-nos com os outros que, segundo Daniel Goleman, é fundamental. Para este psicólogo e autor de diversas obras no âmbito da inteligência emocional, a base do sucesso em tudo na vida reside na nossa capacidade de pensarmos antes de agir, mas também de ouvirmos as nossas emoções e, desta forma, permitirmos um funcionamento integral do nosso cérebro. Só com esta coordenação entre razão e emoção é que se consegue ser, por exemplo, um bom líder, defende este investigador.
 
Para Daniel Goleman, mais importante do que possuir conhecimentos técnicos para ocupar um lugar de topo, é a capacidade de um líder se relacionar com os seus subordinados. Quer isto dizer que, o excessivo tempo que temos dedicado a estudar conteúdos, por si só, não basta para que tenhamos sucesso na nossa vida profissional. Precisamos de empatia, precisamos de conseguir compreender o lado do outro e de nos posicionarmos em quem somos e no que sentimos e, temos inúmeros exemplos de bons técnicos, mas que não conseguem ser agradáveis com os seus clientes e colegas, isto porque só se concentraram no conteúdo formal e se esqueceram das relações humanas. Muitos médicos pecam por isso; são excelentes profissionais, mas não conseguem chegar ao doente, o mesmo se passa nas demais profissões em que as emoções vão marcando pontos a favor de quem as exercita.
 
Partindo desta base, todo o ser humano precisa de afeto, de compreensão, de se sentir bem consigo mesmo para tirar mais partido das suas qualidades e conhecimentos, o que quer dizer que, precisamos de rigor e de disciplina, ao mesmo tempo em que temos de dar espaço e liberdade para sentir, para ouvir o nosso eu interior e para compreendermos o que estamos a sentir num determinado momento. Para isso, precisamos de descontrair, de estar connosco próprios, de apreciar lugares diferentes de vez em quando, já que sair da rotina é muito importante para identificar as emoções, para pensar de forma mais alargada e para nos sentirmos melhor.
 
Deixo ao leitor um desafio proposto por Goleman, numa das suas obras. Escreva num papel uma lista com as 27 coisas que gostaria de concretizar até ao fim da sua vida. Não importa se são todas concretizáveis, importa é que saiba identificar o que ainda sente que tem por fazer no mundo antes de partir. Com essa tomada de consciência que poderá guardar numa gaveta e rever sempre que precisar de motivação ou inspiração para algo, encontrará um sentido, uma forma de estar, enquanto que, durante alguns momentos, entrou na sua realidade, no seu pensamento e nos seus sentimentos. Faça exercícios deste tipo de vez em quando e arrisque quebrar o excesso de disciplina que existe dentro de si! Às vezes é tão simples quanto meditar, pensar em coisas agradáveis, respirar fundo, fazer um pouco de exercício físico, ouvir uma boa música, namorar, ler um bom livro, ouvir o canto dos pássaros, brincar com os seus filhos, dar um passeio. Seja criativo e dê um novo espaço à sua vida, nem que tenha de colocar na agenda 30 minutos diários para mim, para descontrair, para estar comigo mesmo. Boa sorte!
 
Fátima Fernandes