Família

Vamos ser melhores pais?

 
Sempre que possível gosto de reunir aquilo que leio e a minha própria experiência, para ajudar aqueles que como eu, se dedicam diariamente à árdua tarefa de educar!

 
A educação tem tanto de entusiasmante e desafiante, como de exigente, por isso parece que falta sempre mais alguma coisa para melhorarmos a nossa tarefa e, na realidade, acho que falta sim já que podemos sempre aprender com os outros e com os nossos próprios erros.
 
Há dias a minha filha dizia-me que, um colega de escola chegava sempre atrasado porque a mãe se deixava dormir e não o conseguia levar a horas. Ora é verdade que todos temos o direito de adormecer quando estamos mais cansados, mas não podemos tornar uma exceção numa regra, sob pena de, os nossos filhos aprenderem a orientação errada. Os pais têm de fazer um esforço por cumprir as regras, nem que seja somente para as atividades sociais, onde a escola se assume com elevada relevância, tal como as atividades em que os mais novos participam. Se pensarmos bem, que exemplo estamos a dar aos nossos filhos chegando sistematicamente atrasados aos locais onde deveríamos cumprir os horários? Estamos a dizer-lhes que as regras não servem para nada e que, quando nos apetece podemos deixar de cumpri-las.
 
É muito perigoso passar esta imagem aos mais novos que facilmente a estendem a tudo, pois se a regra não é para cumprir, sempre que a preguiça aperta, “contorna-se” a lei e faz-se o que nos apetece. Isto não pode ser e é um péssimo exemplo! O mesmo se passa com pequenos detalhes da vida quotidiana, como ensinar por exemplo os filhos a fazerem a cama antes de irem para a escola. Com este hábito, estamos a ensiná-los a serem organizados e responsáveis no futuro. Levantar a mesa quando se termina a refeição, arrumar os brinquedos quando se acaba de brincar, colocar a roupa suja no cesto e daí por diante, são uma essencial preparação para o mundo cujo exemplo tem de partir dos pais.
 
Se os adultos descuram estes aspetos, como podem exigir que os filhos sejam cumpridores? Se o filho nunca ajuda o pai ou a mãe em casa, como é que aprende? Se não limpa o que suja, como pode viver num ambiente limpo no futuro?
 
Apercebo-me de que, ingenuamente os pais reclamam de tudo e mais alguma coisa dos filhos, mas não se dão conta da importância do exemplo! Os filhos aprendem o mundo através dos pais, é com eles que percebem o mundo pela primeira vez e vão seguir essa linha durante toda a vida. É verdade que também aprendem fora de casa, na escola e nas instituições em que participam, mas a base vem sempre de casa, pelo que quanto mais consistente, coerente e organizada for, tanto melhor. É exigente, mas os pais devem apostar numa base com boas regras, com bons valores, com horários, com ensinamentos práticos importantes para o presente e para o futuro, pois os filhos registam tudo e certamente que vão seguir essa orientação ao longo da vida. Não podemos é facilitar. Não podemos cumprir uma vez e deixar as outras todas por cumprir, não podemos desvalorizar uma vez aquilo que defendemos sempre, pois os nossos filhos são peritos em exceções, pelo que, basta uma fuga à regra para termos de recomeçar o processo do início. Basta uma semana descurar o horário para ir para a cama que, rapidamente se abre um precedente e se faz ronha para dormir na semana seguinte. Claro que podemos abrir exceções, mas temos de frisar que é uma fuga á regra por um motivo muito especial, como uma festa de aniversário ou uma qualquer data temática.
 
Facilita muito explicar a importância de dormir sempre à mesma hora, de chegar a horas à escola, de explicar os prejuízos para a saúde de nos deitarmos tarde e levantarmos cedo, o mal que nos faz ver TV até tarde e jogar computador… as crianças gostam muito de regras e de disciplina, pelo que, se aproveitarmos o que lhes ensinamos com aquilo que eles devem cumprir, estamos no caminho certo. Disse à minha filha que faz mal à saúde jogar mais do que uma hora por dia.
 
Rapidamente ela compreendeu e é ela mesma que desliga o aparelho após os 60 minutos. O mesmo se passa com o consumo de doces, pizzas e daí por diante. Se explicarmos a verdade aos mais novos, eles entendem e vão querer cumprir e, esta base estende-se a tudo. Temos de tratar os nossos filhos como inteligentes e seres pensantes que querem o melhor. O segredo é educar sempre pela positiva. Eu faço isto para vivermos melhor e com mais saúde, logo, as exceções são mera casualidade e até reprimidas pelos mais novos.
 
Sempre que não cumprimos uma regra, devemos explicar claramente o que aconteceu para que os nossos filhos compreendam que o assunto é sério e que não se pode brincar com isso, sob pena de os baralharmos e de ninguém se entender.
 
Note-se que, quando abrimos muitas exceções, estamos a dizer aos nossos filhos que também o podem fazer, o que traduz que, com os seus amigos vão abrir muitas exceções quando os valores são diferentes uns dos outros! Se sublinharmos a importância do cumprimento, eles vão pensar duas ou três vezes antes de abrirem a exceção. Tudo se passa assim, porque nós os estamos a ensinar a lidar com as regras e, para isso, temos de ter uma base firme para que eles aprendam da forma mais correta. Não nos devemos preocupar que eles terão muito tempo para aprender a exceção, temos é de apostar realmente no impacto da regra e na consequência que deriva do seu não cumprimento. Neste sentido, faça um esforço e lute contra a preguiça de se levantar à hora e de chegar sistematicamente atrasado à escola, ao emprego e aos demais compromissos, pois para além de dar uma má imagem a seu respeito, o seu filho está a aprender a faltar aos compromissos e, isso não é bom.
 
Pense que tem de haver um motivo para não cumprir a regra e não ser normal não o fazer. Ensine as regras com clareza e mostre as consequências positivas do seu cumprimento, sem se esquecer de assinalar o contrário para que a criança registe. Esta base é fundamental para tudo na vida e, um dia, o seu filho vai agradecer-lhe por tê-lo educado para a vida em sociedade.
 
Fátima Fernandes