Sociedade

Vento de levante aqueceu água no Algarve

O Instituto Hidrográfico, da Marinha Portuguesa, registou este ano um aumento da temperatura da água do mar à superfície, ao longo da orla costeira do Algarve e da Costa Vicentina, durante os meses de julho e agosto, alcançando valores máximos relativamente aos últimos 16 anos.

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Segundo comunicado da Autoridade Marítima Nacional, as elevadas temperaturas da água do mar verificadas este ano nas praias do Algarve deveram-se à persistência pouco habitual do vento de levante (que sopra do quadrante este), durante os meses de julho e agosto. 
 
A ação deste vento sobre a superfície do mar provocou, para além de uma agitação marítima de sudeste com altura significativa superior a 1m, o arrastamento das massas de água à superfície do mar para junto da costa, o que permitiu o seu aquecimento ao longo dos últimos dois meses, explicou a entidade.  
 
Este resultado foi registado pelo sistema integrado de observação do oceano do Instituto Hidrográfico (rede MONIZEE), cujas bóias oceanográficas fundeadas ao largo de Portugal continental medem a intensidade e direção do vento à superfície do mar, a temperatura do ar e da água, assim como a agitação marítima e as correntes superficiais. 
 
Desta forma, as bóias fundeadas ao largo do Algarve registaram este ano uma temperatura média de 22.3°C em julho e de 23.9°C em agosto. 
 
Estes valores correspondem a um aumento de 2°C e de 2.7ºC relativo às respetivas médias dos últimos 16 anos. 
 
O máximo registado este ano foi de 26.5°C no dia 28 julho, correspondendo a um valor muito próximo do máximo histórico registado em 2010 (26.6ºC). 
 
De assinalar que junto às praias, a permanência destas massas de água sobre profundidades menores permite um maior aquecimento da água, registando-se aí temperaturas mais elevadas.
 
Tambem as altas temperaturas da água do mar que se registaram em meados de agosto ao longo da costa vicentina tiveram origem no Algarve, onde as massas de água aqueceram ao longo dos meses de julho e agosto. 
 
No entanto, o processo oceanográfico que transportou estas massas de água até Sines, Tróia e mesmo Sesimbra não se deve apenas ao vento de levante registado no Algarve, mas à conjugação deste episódio com a ausência da nortada (vento de norte) ao longo da costa oeste de Portugal, que habitualmente sopra com intensidade neste período do ano.