Desporto

Volta a Portugal: O objetivo do Louletano e o desafio do Tavira

 
A Volta a Portugal em bicicleta decorre entre 4 e 15 de Agosto.

O Louletano-Loulé Concelho começa uma nova era na 82.ª Volta a Portugal em bicicleta, com o seu diretor desportivo a mostrar-se confiante de que a equipa pode estar “nos lugares cimeiros”, no pós-Vicente García de Mateos.
 
Foram sete as épocas que o ciclista espanhol passou em Loulé, numa união feliz que resultou em dois terceiros lugares na prova rainha do calendário nacional – que até poderão ser segundos, quando a Federação Portuguesa de Ciclismo homologar a nova classificação, resultante da desclassificação por doping de Raúl Alarcón, vencedor das edições de 2017 e 2018 -, mas o ‘casamento’ chegou ao fim esta temporada, com os algarvios a serem forçados a abrir novos horizontes.
 
“Quando tínhamos o Vicente, lógico que éramos sempre candidatos à vitória na Volta a Portugal. De qualquer forma, tenho dois ou três corredores que podem estar nos lugares da frente. O ano passado foi um ano difícil, tivemos de renovar a equipa toda, mas penso que sim, que podemos estar nos lugares cimeiros da Volta e na discussão de algumas etapas, seguramente”, previu Jorge Piedade.
 
Em declarações à agência Lusa, o diretor desportivo do Louletano-Loulé Concelho mostrou não ter perdido ambição, até porque tem “ciclistas que estão a andar bem neste momento, como o Nicolás Paredes”, mas também o ‘azarado’ Tomás Contte, que “infelizmente sofreu uma queda esta semana e ainda está em recuperação”.
 
“Levou uma série de pontos na perna, mas é um corredor que pode fazer uma boa classificação. Este ano já ganhou o [Grande Prémio] Abimota e uma etapa, e esteve na discussão de algumas etapas. É um jovem que tem 22 anos e tem muito potencial. Pode ainda estar nos primeiros lugares da Volta e discutir uma etapa ou outra”, antecipou.
 
Jorge Piedade recordou que, no final do ano passado, a equipa ficou sem um patrocinador, o que obrigou a uma reformulação da estrutura e à perda de Vicente García de Mateos, agora ciclista da Antarte-Feirense.
 
“De qualquer forma, reunimos condições para ter uma equipa que possa estar muito bem na volta a Portugal. Tenho uma equipa bastante motivada e com objetivos grandes. Podemos ser uma das melhores equipas da Volta a Portugal”, assumiu.
 
Os maiores obstáculos a essa pretensão são os rivais habituais, nomeadamente a W52-FC Porto, que tem os três maiores candidatos a subir ao pódio de amarelo, no dia 15 de agosto, em Viseu: Amaro Antunes, Joni brandão e João Rodrigues.
 
“Pelo facto de terem a equipa mais forte, penso que vão ser eles os candidatos”, completou, apontando a Serra da Estrela (terceira etapa), a Senhora da Graça e o contrarrelógio, respetivamente penúltima e última tiradas, como os momentos decisivos da 82.ª edição, que arranca na quarta-feira em Lisboa, com um prólogo.
 
Para o diretor desportivo da equipa algarvia, “a Serra da Estrela é a montanha que temos em Portugal que faz mais diferenças a nível de classificação geral individual”, pelo que os candidatos ao pódio poderão ficar pré-definidos ao quarto dia.
 
“O mais difícil é muito relativo. Depende de como os corredores façam o andamento da corrida, isso sim vai definir a dificuldade da Volta a Portugal. É um traçado não propriamente duro, de facto tem seis chegadas em alto, mas os corredores é que vão ditar a dificuldade”, respondeu, ao ser questionado sobre se esta seria a edição mais dura da última década.
 
Apesar de o pelotão ter este ano, pela primeira vez desde 2011, uma formação do WorldTour, a Movistar, assim como equipas, em teoria, mais fortes do que em edições anteriores, Jorge Piedade acredita que nada vai mudar no desfecho da maior corrida do calendário nacional.
 
“A Volta a Portugal é das equipas portuguesas. As equipas estrangeiras muitas vezes vêm cá para cumprir calendário, nós não. Nós vamos com o objetivo de fazer o melhor e fazer bem”, concluiu.
 
Louletano-Loulé Concelho
 
Equipa: Roniel Campos (Ven), Tomas Contte (Arg), Carlos Oyarzún (Chi), Nicolás Paredes (Col), Jesús del Pino (Esp), Nuno Meireles (Por) e Rui Rodrigues (Por).
 
Diretor Desportivo: Jorge Piedade.
 
O Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel tem um desafio na Volta, o de levar Gustavo Veloso a uma vitória na sua despedida do pelotão, uma missão “interessante” que Vidal Fitas aceitou comandar.
 
“Nós não temos objetivos. Vamos encarar a Volta a Portugal como um desafio. Objetivo é para o FC Porto e a Efapel. Aceitámos um desafio e o desafio é tentar que o Gustavo Veloso deixe o ciclismo com uma vitória na Volta, se possível”, assumiu o diretor desportivo da equipa tavirense, em declarações à agência Lusa.
 
Com a saída para a Efapel de Frederico Figueiredo, terceiro classificado da edição especial da Volta a Portugal, a formação mais antiga do pelotão ficou “órfã de um líder com alguma consistência”.
 
“E apareceu essa oportunidade, com esse desafio lançado pelo Gustavo, e achámos que poderia ser interessante. É o ciclista no ativo em Portugal com melhor palmarés, quer terminar a carreira com todas as suas faculdades intactas. Achámos que seria uma coisa interessante, não só porque nos dá alguma notoriedade, como é óbvio, e que é isso que se procura, mas porque, depois, constituímos uma equipa de gente com qualidade, com perspetivas de futuro bastante interessantes”, analisou.
 
Para Vidal Fitas, é positivo que os seus ciclistas “possam sentir o que é estar numa Volta a Portugal com um líder destes e como se tem de trabalhar para lutar por uma Volta”. “Se vamos conseguir terminar a Volta e concluir o desafio com sucesso ou não, isso é outra história. Temos de esperar por dia 15 [de agosto] para saber o resultado final”, completou.
 
Com o bicampeão da prova rainha do calendário nacional (2014 e 2015) arredado das apostas dos diretores desportivos das outras formações nacionais, convictos num duelo entre W52-FC Porto e Efapel, o algarvio garante estar “habituado a que o subestimem como adversário.
 
“Também temos de ser realistas. O FC Porto é aquela estrutura que, teoricamente, é mais forte. A Efapel, pela época que fez, merece ter essa chancela - até acho que foi a equipa que ganhou mais corridas. Portanto, é normal que se inicie a corrida e que as atenções, prioritariamente, recaiam sobre estas equipas, que são aquelas que têm apresentado mais argumentos”, considerou, definindo os dois blocos como “bastante potentes”.
 
No entanto, também a formação de Tavira fez “um trabalho diferente”, que até pode ser potenciado pelo conhecimento profundo que o veterano galego, segundo classificado da edição especial de 2020, tem dos ‘dragões’, estrutura que representou durante oito temporadas.
 
“Pode, mas se as pernas não estiverem lá, isso não serve de nada. Se não tiveres capacidade para contrariar aquilo que é a postura e a estratégia das equipas na corrida, não serve de muita coisa. Neste momento, também não é muito difícil adivinhar aquilo que o FC Porto poderá fazer. Sabemos, à partida, que a aposta recai num dos três ciclistas”, disse, referindo-se a Amaro Antunes, João Rodrigues e Joni Brandão.
 
Provavelmente, segundo Vidal Fitas, é “mais incógnita a Efapel do que o FC Porto”, porque naquela equipa não se sabe se “é o [António] Carvalho, o Frederico ou o Mauricio Moreira” a liderar.
 
“No FC Porto, sabemos que é um deles; é aquele que chegar à liderança primeiro ou estiver melhor classificado. Tem sido sempre assim, praticamente. Penso que não vai ser diferente este ano. Na Efapel, sabemos que o Frederico, com as etapas de montanha que a Volta tem, é uma peça a levar em linha de conta. Sabemos que o Carvalho, é o líder, ou pelo menos teoricamente o líder, mas sabemos que o Mauricio Moreira, pela época que fez, deverá ser um ciclista que a equipa defende”, previu.
 
Vidal Fitas acredita que, num percurso que é “sempre a mesma coisa”, os pontos decisivos também serão os do costume – a Torre, a Senhora da Graça e o contrarrelógio final -, embora haja etapas “traiçoeiras”, como as da chegada a Setúbal ou à Nossa Senhora da Assunção (Santo Tirso), que podem surpreender o pelotão de “maior qualidade” a participar na Volta a Portugal desde 2012.
 
“Isso pode fazer a diferença, porque há bastantes equipas com qualidade que ao não lutarem pela geral podem perfeitamente lutar por etapas. Uma equipa que não vai lutar pela geral mas aposta nas fugas… o problema não é essa equipa, mas quem leva atrás. Isso pode fazer com que a corrida seja diferente, porque faz mexer com mais gente, obriga quem estiver líder a gastar mais força, porque é necessário gastar, e torna a corrida mais difícil de controlar”, destacou.
 
Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel:
 
Equipa: Samuel Blanco (Esp), Emanuel Duarte (Por), Aleksandr Grigorev (Rus), David Livramento (Por), Alejandro Marque (Esp), Álvaro Trueba (Esp) e Gustavo Veloso (Esp).
 
Diretor desportivo: Vidal Fitas.
 
Algarve Primeiro/Lusa