Passados 16 anos, a Câmara Municipal de Vila Real de Santo António deixou de ser governada pelo PSD e passou para as mãos do PS. Álvaro Araújo é o novo presidente da autarquia e falou ao Algarve Primeiro, sobre as eleições, a vitória e o caminho a percorrer pelo novo executivo municipal.
Relativamente ao que é prioritário, o presidente deixou a ressalva de que primeiro é preciso conhecer a situação ao pormenor para começar a aplicar o prometido em campanha.
«Nós estamos um pouco às escuras, só depois de lá entrarmos e tivermos a situação real, é que podemos estar a prometer o que quer que seja. Agora, dentro daquilo que referimos em campanha, vamos procurar fazer, tendo em atenção ao que vamos encontrar. Aquilo que puder ser feito logo, faremos».
A principal condicionante é o acordo feito com o Fundo de Apoio Municipal (FAM), sendo primeiro preciso conversar para depois agir.
«Antes de falarmos com o FAM, não é simpático estarmos a dizer o que vamos fazer, não vale a pena, depois se nos dizem que têm um acordo connosco e tal não permite. Nós somos pessoas de bem e obviamente que, com humildade, queremos cumprir aquilo que está estabelecido».
Além do FAM, as prioridades são claras: seguir o programa eleitoral.
«Temos lá as medidas que vamos tomar nos primeiros cem dias, tem a ver com a realização de uma auditoria às contas do município, que é fundamental, e depois tratar de coisas do dia a dia, como a limpeza e a higiene do concelho, a questão da reestruturação orgânica do Município, a questão do FAM, vamos ter que nos sentar com as auditorias e tentar encontrar viabilização para certas e determinadas obras que são fundamentais e que tem de haver autorização do mesmo fundo, para que se façam, como a questão da reabilitação, a recuperação do parque de campismo, do complexo desportivo. Há também o exemplo dos contratos de estacionamento, das águas, da recolha de resíduos sólidos urbanos, que também estão em cima da mesa e que nós vamos ter que estudar e, em alguns casos, procurar que esses contratos sejam deitados abaixo, porque prejudicam muito o município».
A habitação é questão central, havendo preocupação em «apressar a aprovação da estratégia local de habitação, para começar já a construir os prédios de habitação social e procurar reabilitar aquela que está muito degradada, e o 1º Direito - Programa de Apoio ao Acesso à Habitação, serve para isso, e depois o apoio ao arrendamento».
Álvaro Araújo gostaria de, daqui a quatro anos, ver um concelho «muito melhor, pessoas com mais orgulho de viver em VRSA, uma terra mais limpa, mais asseada, que sabe receber, que sabe acolher as pessoas», onde o Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI), as várias taxas e o estacionamento não sejam problema para os moradores do concelho.
«Queremos taxas de IMI mais baixas, que estão no máximo do país, as taxas fixas da água, por exemplo, as taxas de construção, tudo aquilo que tenha prejudicado e muito os munícipes, como o estacionamento, que as pessoas se libertem rapidamente desse fardo, não podem estacionar em lado nenhum que se paga».
Sobre a educação, a ação social e a saúde, o presidente deixa a garantia que é «um trabalho que também nos preocupa, são setores muito importantes e que nós temos de dar toda a atenção do mundo».
Deixa a certeza de que «o município não vai olhar para as políticas das pessoas, das opções que tomaram, isso não interessa», a postura da autarquia «vai ser de abertura, mas com a humildade e responsabilidade de dizer que temos um compromisso que assumimos com os vila-realenses e que vamos querer cumprir na íntegra o que está no nosso programa eleitoral».
O presidente quis deixar ainda uma nota à comunicação social sobre as eleições: «Uma vitória que não foi fácil, parece mas não foi. Nós lutámos contra muito poder, todos os dias apareciam reportagens nos diferentes canais de televisão, com o nosso principal adversário, e em programas de entretenimento, do candidato cantor e do candidato à Junta de Vila Nova de Cacela, que era o candidato ciclista. Todos os dias, todas as televisões, sem exceção, foram dando nota dessas situações nos dez dias de campanha eleitoral, o que me parece mal. É uma luta desleal, desigual, mas a mensagem que deixo é que o povo queria uma alternativa credível e viu-a na candidatura do Partido Socialista. O povo é quem mais ordena, independentemente do espetáculo e da publicidade que se dê. Éramos oito candidaturas, e só uma é que teve esse acesso. A imprensa deve ser igual para todos».