Sociedade

Cuidar da saúde mental em cenário de desemprego

 
A situação de desemprego acarreta muito desconforto, não só no que se refere aos problemas financeiros, mas também relativamente à saúde mental.

De um momento para o outro, a pessoa que fica sem emprego vê-se limitada em praticamente todas as áreas de vida. Deixa de ter a rotina de se levantar para ir trabalhar, vê os seus rendimentos reduzirem e fica com muito mais dificuldade em fazer face às suas despesas diárias e mensais, ao mesmo tempo em que, se não for corretamente apoiada, poderá cair em depressão.
 
O essencial em caso de desemprego, é não perder a esperança, o ânimo, a vontade de continuar à procura de um novo trabalho e, para isso, é preciso um bom suporte familiar, amizades de qualidade e, em muitos casos, a ajuda de um psicólogo que vai realizar sessões que vão no sentido de ajudar a pessoa a recuperar ou a manter a sua autoestima, equilíbrio e bem-estar.
 
Fala-se pouco nesta realidade; no quanto uma pessoa se pode sentir mal com um cenário de desemprego, mas é fundamental que, cada vez mais, a sociedade olhe para estas pessoas que se sentem fragilizadas, inúteis e tristes pela ausência de um trabalho. A pessoa coloca-se em causa, culpabiliza-se em muitas situações e não entende a razão pela qual ficou de um momento para o outro, sem algo tão precioso como o seu “ganha pão” que também é um garante de estabilidade e de dignidade, pois a pessoa sente-se bem a trabalhar e a ganhar o seu sustento.
 
Quando o desemprego acontece a situação inverte-se. A pessoa deixa de ter um pretexto para se levantar diariamente, começa a ter problemas de sono, anda mais irritada, triste, desanimada e sem objetivos diários. É precisamente aqui que é preciso intervir. É preciso ajudar a pessoa a reerguer-se e para isso, é fundamental manter algumas rotinas, sem esquecer a procura ativa de trabalho.
 
O primeiro ponto a ter em conta é que será muito difícil encontrar um novo emprego quando estamos sem esperança, sem motivação e deprimidos, por isso, temos que nos manter ativos de alguma forma e cuidar da nossa saúde física e mental diariamente.
 
Depois, é de anotar que, uma depressão não tratada intensifica-se, e podemos chegar a estados de risco real. Não podemos ignorar, por exemplo, a incidência de suicídios em pessoas que perderam os seus empregos, pelo que, a família deve estar muito atenta e apoiar ao máximo o seu elemento que se vê numa situação de desemprego e de certa forma, à margem da sociedade. Ao mesmo tempo, não se deve hesitar em pedir ajuda especializada, sem esquecer que, os amigos também desempenham um papel muito importante não só porque podem saber de uma possível vaga para emprego como podem ajudar numa boa conversa. Alguém que já tenha passado por algo semelhante também pode dar um forte contributo dizendo como resolveu a situação.
 
Na mesma sequência é essencial tirar da mente essa sensação de inutilidade, de fracasso, já que, com esses sentimentos será muito mais difícil ultrapassar a situação.
 
Não se devem perder os sonhos e o propósito na vida, para tal, deve-se entender que se vai tratar de uma fase passageira e que será ultrapassada tal como outras difíceis que já se viveram ao longo do nosso percurso. A pessoa em situação de desemprego deve continuar a estabelecer as suas metas, manter os seus sonhos e assumir que está numa fase delicada, mas que irá ser superada. Pode até ponderar realizar alguns trabalhos a partir de casa para ocupar o tempo e ganhar algum dinheiro.
 
É também fundamental que mantenha a sua rotina, que se levante de manhã à mesma hora, que se prepare, que saia um pouco e que, na medida do possível, mantenha os mesmos hábitos. Que tenha momentos de lazer, descanso, algumas horas para praticar desporto, nem que seja uma boa caminhada junto à natureza, um passeio à beira-mar ou num parque perto de casa.
 
Ao mesmo tempo, deve aprender a controlar os pensamentos, gerir bem as emoções e, sobretudo, ter um bom suporte familiar e de amizades, já que essa é a melhor forma de passar por situações difíceis.
 
A pessoa em situação de desemprego deve falar acerca do que a inquieta, dos seus medos e da forma como está a encarar a vida e, como já dissemos, em situações mais delicadas, deve recorrer ao apoio psicológico que será uma importante ferramenta quando não consegue ultrapassar a situação sozinha e no seu meio familiar.
 
Fátima Fernandes