Numa sociedade agitada e exigente, não é fácil darmos prioridade a nós próprios, dizer “não” a um convite ou adiar uma tarefa em prol de nós mesmos, mas os especialistas em saúde mental alertam: isso é necessário e fundamental para o nosso equilíbrio.
Só podemos estar bem com aqueles que nos rodeiam e com o mundo quando encontramos o nosso espaço de paz interior, quando ouvimos a nossa voz interna, quando assumimos as fraquezas, os medos, as dúvidas, a alegria e a tristeza, pois caso contrário, entraremos numa espiral negativa de ansiedade, desequilíbrios de vária ordem, impacientes, impulsivos e a achar que só temos o direito de sobreviver ao quotidiano e aos seus desafios.
O primeiro passo é admitir que, para que sejamos responsáveis, resolvamos problemas e enfrentemos desafios, temos de encontrar-nos, conhecer-nos, mimar-nos, estabelecer limites ao que aceitamos em prol da nossa disponibilidade e capacidade e, de acordo com os entendidos em saúde e bem-estar, isso conquista-se diariamente com estas estratégias simples, mas essenciais:
1. Momentos de calma, solidão e silêncio consigo mesmo
Ouça o seu “eu” interior, analise o que lhe falta, o que gostaria de melhorar em si mesmo, o que já conquistou, qual a melhor opção a tomar num conflito, se deve ou não aceitar uma responsabilidade acrescida, o que está disposto a fazer por algo em que acredita e daí por diante. Sem esta tomada de consciência, andaremos sempre à procura do bem-estar onde ele não existe, sempre a consumir só para tentar disfarçar o vazio interior e a não aceitar que somos fortes e fracos ao mesmo tempo e que precisamos desse encontro diário connosco próprios, nem que seja durante alguns minutos ao longo do dia.
2. Aprenda a libertar os pensamentos, a aceitá-los e a limitar a informação exterior desnecessária
Não se preocupe com o que não tem importância, não se envolva com pessoas que não o respeitam, valorizam e aceitam tal como é, não dê o seu tempo a quem não o ouve, despreza ou ignora, que só lida consigo por interesse e que não o deixa ser livre, acreditar no que gosta e que lhe faz sentido. Todos temos direito à diferença, à opinião, à escolha, ao estilo de vida e a decidir com quem gostamos de estar e que realmente merece o nosso apreço. Respeite-se e respeite os demais, mas decida quem lhe faz mais sentido para manter uma maior proximidade.
Defina o rumo da sua vida, mesmo que isso seja alvo de críticas ou comentários. Não precisa de tornar público aquilo que é só seu e ainda menos deixar-se definir pelo que os outros pensam a seu respeito, pois isso é da responsabilidade deles. A si cabe a liberdade de sentir-se bem e de assumir as suas responsabilidades e comportamentos perante as decisões que faz.
3. Enriqueça a sua vida procurando o que o define e faz sentir-se vivo
A esperança reside na consciência daquilo em que acreditamos e de que gostamos, por isso, não se deixe influenciar pelas opções e escolhas dos outros e sim, aprenda a gostar mais de si, do que tem e do que pode melhorar. A vida é uma aprendizagem contínua, com avanços e recuos, dúvidas e certezas e o direito ao erro, pois ninguém sabe tudo, nem conhece tudo em si, nem nos demais. Se olhar para si, certamente que será mais fácil orientar as suas escolhas em função daquilo que lhe faz mais sentido. Tente aprender algo novo todos os dias, estar com pessoas presencialmente, nem que seja por breves instantes, para cumprimentá-las ou simplesmente observar comportamentos e desafie os seus limites realizando algo novo e criativo.
Por fim, registe que, quanto melhor se sentir, mais e melhor dará a quem ama, com quem trabalha ou convive. Uma pessoa feliz e resolvida, saberá ultrapassar melhor os problemas, enfrentar as dificuldades e lutar por aquilo em que acredita, por isso, cuide de si, priorize o seu tempo, valorize as suas ações, corrija o que está menos bem, aceite o que não conseguiu evitar e proponha-se fazer melhor daqui para a frente porque agora já pensa em si!