Sociedade

Município de Loulé aderiu ao Movimento Zero Desperdício

 
Loulé é o primeiro município do país fora da Área Metropolitana de Lisboa a aderir ao Movimento Zero Desperdício.

 
A Autarquia louletana e a Associação Dariacordar – Associação para a Recuperação do Desperdício, assinaram hoje um protocolo que irá permitir fazer o aproveitamento dos excedentes alimentares, nomeadamente perecíveis e confecionados, que se encontrem em perfeitas condições para consumo, junto de quaisquer entidades públicas ou privadas, nomeadamente cadeias de supermercados, hotéis, escolas, hospitais, refeitórios municipais, entre outras, com a exclusiva finalidade de prover necessidades sociais prementes que atingem grupos sociais carenciados.
 
A Dariacordar foi criada em janeiro de 2011 com o fim de promover e contribuir para a recuperação e para a doação de excedentes de um modo geral, e de excedentes alimentares em particular. 
 
Nesse sentido, como explicou o seu presidente, António Costa Pereira, alguns cidadãos juntaram-se, preocupados por não haver respostas na área dos desperdícios, nomeadamente em termos legais. “Toda a gente dizia que era proibido, que não se podia recuperar as refeições do dia mas isso não fazia sentido porque se havia refeições em perfeitas condições e pessoas a passar mal era preciso alterar a lei”, referiu este responsável. Após a alteração legal, foi criado o Movimento Zero Desperdício, a 16 de abril de 2012. Foi então lançado o desafio aos municípios da área de Lisboa, considerando a sua proximidade às populações, para indicar as associações que tivessem a capacidade de levar as refeições às pessoas necessitadas. 
 
Depois de Lisboa, Sintra e Cascais, é agora a vez de Loulé receber este projeto que tem como finalidade o estabelecimento de ações de cooperação e facilitação entre as partes, no sentido e com o objetivo de conseguir e canalizar a maior oferta possível de doação de excedentes alimentares em prol do Município e facilitar e apoiar a que as mesmas cheguem a quem delas efetivamente necessita.
 
“Criámos um manual de réplica, com o apoio da Fundação Gulbenkian, onde estão os procedimentos a seguir. Queremos replicar e começámos a ter reuniões com outros municípios. O primeiro foi Loulé e juntos iremos fazer crescer esta atitude na região. Lançámos o desafio, criámos condições e os resultados estão lá. Estamos certos que Loulé vai-nos trazer boas práticas e boas ideias. Esta é uma atitude que vamos criar, queremos mudar o ADN do cidadão”, referiu António Costa Pereira.
 
Segundo o representante da Dariacordar pretende-se envolver também as universidades neste projeto, não só ao nível das refeições mas também na criação de estudos de monitorização dos resultados do Movimento. Assim, será lançado o desafio à Universidade do Algarve para elaboração de um estudo sobre o impacto no Concelho de Loulé.
 
Por seu turno, Vítor Aleixo comparou o valor deste protocolo às obras físicas que têm sido realizadas na área social nos últimos anos. “Este protocolo tem um valor social igual à inauguração de um equipamento de uma instituição de solidariedade social”, frisou.
 
O autarca falou das características do Concelho que o tornam “um bom ator neste campo”, nomeadamente a existência de uma rede de instituições que fazem da solidariedade social o seu objetivo diário, uma vasta população e extensão territorial, os recursos da Autarquia vocacionados para os problemas que existem no terreno e muita gente necessitada desta ajuda. “Estão reunidas todas as condições para fazer deste objetivo algo de muito positivo”, considerou Vítor Aleixo.
 
Para o autarca este protocolo irá permitir “estruturar e trazer uma estratégia à própria ação que já existe há muitos anos no Concelho, em termos das políticas sociais ativas”. “É uma grande ferramenta para conseguirmos fazer bem e lutar pela dignidade do ser humano”, disse ainda.