A visita do governante ocorreu numa altura em que o Município, através dos Bombeiros Municipais, se encontra a implementar um conjunto de limpezas em zonas rurais, entre Olhão e Moncarapacho, conforme o
Algarve Primeiro noticiou na semana passada, num projeto que conta com a colaboração de um grupo de 7 reclusos do Estabelecimento Prisional de Olhão.
Os trabalhos de limpeza estão a ser coordenados pelo Corpo de Bombeiros e Proteção Civil Municipal, que forneceram formação inicial e todo apoio diário.
Miguel Freitas, visitou os trabalhos, falou com os reclusos e disse aos jornalistas, que a «iniciativa tem uma carga muito positiva, primeiro porque foram derrubadas barreiras, depois porque temos aqui os bombeiros a fazerem prevenção e isso é algo muito importante, porque temos todos que nos envolver quer na área da prevenção quer na área do combate, depois nesta operação estão envolvidos reclusos, que estão a fazer um excelente trabalho, num programa pontual, mas um exemplo que pode ser replicado e reforçado a nível nacional».
O Governante assinalou que neste âmbito, «estamos a trabalhar entre o Ministério da Agricultura e o Ministério da Justiça, entre o ICNF e os Serviços Prisionais, para fazer um programa mais robusto e que possa colocar as áreas públicas, à disposição das formações destes reclusos para procederam à defesa da floresta».
Um dos objetivos do programa a ser lançado pelo Governo, prevê que muitos dos reclusos que participem na limpeza das florestas, possam ser integrados como Sapadores Florestais, numa lógica de valorização pessoal e de reinserção social.
Sobre a possibilidade de haver reclusos que tenham sido detidos como incendiários e que estejam inseridos neste projeto, Miguel Freitas assegurou, que essa tarefa cabe ao Serviços Prisionais, que têm o cuidado de selecionar aqueles que não tenham cadastro nesta matéria.
Em declarações ao Algarve Primeiro o autarca de Olhão, ressalvou que este projeto, rege-se por «objetivos definidos e esporádicos e não sistemáticos».
Como exemplo António Miguel Pina, adiantou que para além das desmatações em curso, o projeto já contemplou a limpeza de praias, entre outras missões que sejam definidas no futuro. O edil garantiu haver «grande disponibilidade por parte da autarquia e dos Serviços Prisionais, no sentido de proporcionar a integração dos reclusos, mas também resolvendo alguns problemas que vão surgindo no concelho».
Para o autarca «o maior orgulho que temos é que estes homens que até os conheço, tenham uma boa integração, se sintam úteis com um conjunto de valores de sentido cívico e de pertença à comunidade, todos eles têm o sentimento que estão a pagar uma fatura e naturalmente que também gostam de sentir que a comunidade lhes dá apoio».
Refira-se que a autarquia paga 27 euros por dia a cada um dos reclusos pelo trabalho efetuado.
Ao nosso jornal, Paulo Alexandre Simplício de 48 anos, um dos reclusos do Estabelecimento Prisional de Olhão, revelou que «estou a fazer um trabalho importante para servir a comunidade, sabemos que estamos a fazer algo útil, para a comunidade e para a natureza».
Paulo Simplício confidenciou que a experiência tem sido bastante gratificante, «pela formação que recebemos dos bombeiros, apesar de ser um pouco cansativo com máquinas pesadas, mas estamos cá com gosto e não nos falta nada».
Quanto ao futuro, não descarta a hipótese de trabalhar nesta área, «desde que haja essa oportunidade e o rendimento compense». Disse ainda que o serviço que está a ser implementado em Olhão, deveria alargar-se a outros Estabelecimentos Prisionais no país,«começavam a ver os reclusos de outra maneira», enfatizou.
Celso Manata, Diretor de Serviços Prisionais que também esteve de visita a Olhão, referiu que um dos objetivos deste tipo de programas «é que os reclusos recebam formação e fiquem habilitados a exercer uma profissão, nesta ou noutras áreas». O responsável disse que o Secretário de Estado das Florestas, afirmou ter necessidades de recrutamento, para a limpeza das florestas, «tendo ficado combinado estabelecer contactos para colmatar a falta de mão-de-obra, onde os reclusos com formação, poderão ter uma oportunidade de ingressar nos quadros dos organismos com essas necessidades».
O Algarve Primeiro também falou com o Comandante dos Bombeiros Municipais de Olhão, Luís Gomes que confidenciou ser «gratificante podermos dar o nosso contributo nesta matéria e no nosso concelho, entendemos que ficar à espera do fogo, já não resolve tudo e portanto dentro das nossas possibilidades devemos prevenir, é também essa a missão dos bombeiros. Relativamente ao projeto, vamos analisar o que pode ser melhorado e alargá-lo, para consolidar a ideia e ser uma realidade anual».
O Comandante realçou ainda que em cerca de duas semanas de trabalho, «os resultados estão bem visíveis, (na estrada de acesso ao Cerro de S. Miguel), superando as expetativas, não só por um trabalho pesado e árduo, mas também porque decorre nesta altura do ano».