Segundo a ciência, um choque emocional é uma resposta psicofísica normal a uma experiência anormal e traumática. Muitas vezes ocorrem situações existenciais em que, de repente, é comunicada ou vivenciada uma circunstância para a qual não se está preparado. A dor e a confusão são tão grandes que a pessoa fica bloqueada e incapaz de reagir.
Os eventos adversos têm grande impacto no cérebro e no organismo. Liberta-se um alto nível de neurotransmissores como cortisol ou adrenalina, as emoções são avassaladoras e a pessoa não consegue pensar com clareza.
Neste sentido, são necessários “os primeiros-socorros” psicológicos que mais não são do que estratégias para que consigamos processar a informação.
Os entendidos afirmam que, o choque emocional não é uma experiência patológica, é uma reação normal ao tentar processar algo difícil de aceitar, no entanto, devemos aprender a reagir de forma correta para evitar sequelas na saúde mental.
Lembram os entendidos que, o choque emocional é vivido de forma distinta por pessoas diferentes, que é a pior sensação que um ser humano pode vivenciar e que, em média, as respostas recorrentes são as seguintes:
• Náuseas.
• Dores de cabeça.
• Tensão muscular.
• Ataques de pânico.
• Pressão no peito.
• Dormência emocional.
• Dispneia ou falta de ar.
• Taquicardia, tonturas, perda de consciência.
• Dificuldades em pensar com clareza;
• Respostas violentas ou autolesivas, como bater em si mesmo.
• Libertação emocional imediata: lágrimas, gritos, soluços.
• Bloqueio ou congelamento. Sem saber como reagir, permanecer paralisado.
• Não aceitar o que aconteceu e sofrer de desrealização (sentir que o que o rodeia não é real).
• Experimentar uma ampla gama de emoções com valência negativa: medo, raiva, tristeza, desespero.
• O impacto emocional pode ocorrer com a dissociação, ou seja, com o desligamento da realidade imediata.
Causas do choque emocional:
De acordo com os especialistas nesta matéria, qualquer pessoa pode passar por uma situação traumática num qualquer momento de vida, pelo que, «torna-se essencial que tenhamos uma educação preventiva que, de certo modo, nos prepare para um fenómeno tão negativo».
Os estudos mostram que, os principais gatilhos que conduzem ao choque emocional são:
• Perder o emprego.
• Sofrer um acidente.
• A morte de um ente querido.
• Receber um diagnóstico médico.
• Testemunhar um ato violento.
• Testemunhar um desastre natural.
• Estar num cenário violento ou de guerra.
• Sofrer um assalto, roubo ou agressão sexual.
• Passar por uma situação de separação afetiva ou infidelidade.
Diagnóstico e tratamento do choque emocional
O choque emocional requer acompanhamento psicológico adequado, e não uma intervenção clínica ou terapêutica imediata, uma vez que, trata-se de uma reação inesperada e que a pessoa não consegue processar naquele momento.
Na maioria dos casos, não é necessário pedir ajuda especializada porque a experiência vivida instala-se aos poucos, é assumida e identificada e a pessoa acaba por aceitar o ocorrido. No entanto, existem situações em que quem passa por um choque emocional não consegue conectar-se com a realidade, permanece sem reagir, sem consciência das suas responsabilidades e sem “assumir as 'rédeas' da sua vida”, acabando por necessitar de um acompanhamento psicológico.
Os seres humanos podem experimentar diferentes tipos de impactos ou choques psicológicos. A vida não é um cenário de facilidades absolutas onde todos têm uma garantia de bem-estar desde o nascimento.
Fatalidades, imprevistos e reviravoltas do destino podem ocorrer a qualquer momento e dar forma a várias realidades psicológicas.
Nesse sentido, um choque emocional não é o mesmo que um choque traumático. O segundo aparece quando o primeiro não é bem processado, a dor torna-se crónica e surge um quadro clínico patológico, pelo que devem ser tratados de modo específico, recomendam os investigadores.
Na psicologia também se fala em choque sentimental, que define uma experiência dolorosa e complexa vivida após uma rutura afetiva. O sofrimento humano tem uma anatomia variada, mas não deixam de ser respostas normais a fatos que temos de assumir e integrar, para tal, é imperioso que falemos do que estamos a sentir, que nos sintamos seguros e confortáveis para admitir a dor, que consigamos lembrar o ocorrido sem mascarar a realidade, que admitamos fragilidades e que aceitemos que é normal o que estamos a sentir, que somos capazes de ultrapassar a situação, mas que precisamos do nosso próprio tempo para o fazer. Quando tal não acontece nos dias seguintes ao episódio doloroso, é importante que peçamos ajuda especializada.