Dicas

Ninguém tem o poder de mudar alguém

 
Nas obras de Augusto Cury é muito comum este investigador e psiquiatra afirmar que, «ninguém muda ninguém, nós apenas temos a capacidade de piorar alguém» e, na realidade, qualquer um de nós pode fazer esse exercício e tentar perceber a veracidade destas palavras.

Para que se perceba melhor o que se passa, é importante ter em conta que, para muitos especialistas, as pessoas não podem mudar «porque filtram o seu comportamento para agirem de determinada maneira no seu meio». Quer isto dizer que, as pessoas são iguais a si mesmas e nós apenas captamos uma parte do que nos mostram, pelo que, criamos uma imagem ilusória do outro até que ele cometa uma falha grave e, a partir daí consigamos ver a verdade de forma mais alargada.
 
Alguns entendidos na matéria afirmam que, os comportamentos realizados são influenciados por fatores emocionais e cognitivos. Neste sentido, acabam por se fundir e por formar uma única atitude, expressão. Contudo, esses fatores podem receber uma influência de agentes sociais e orgânicos, os quais nem sempre temos consciência.
 
É essencial anotar que, nos constituímos pelos seguintes alicerces: cognitivos: pensamentos e crenças; avaliativos: padrões emotivos a determinado objeto, como prazer, repulsa, atração e desprazer; comportamentais: que são expressos no modo de agir.
 
A partir desta base, percebe-se que ninguém muda, simplesmente há pessoas que se adaptam ao seu meio e outras que apresentam mais resistência em fazê-lo, o que nos leva a afirmar que, há pessoas que alteram os seus comportamentos em virtude dessa adequação ao seu meio e que há outras que resistem e não mudam. Em resumo, acabamos por nos moldar da melhor ou da pior maneira ao ambiente em nosso redor.
 
De acordo com os especialistas, as nossas atitudes são definidas com base em agentes emocionais que moldam comportamentos favoráveis ou não. Na nossa pré-disposição genética, alguns elementos podem ressaltar mais do que outros e moldar os instintos, sendo que, a aprendizagem social acaba por alimentar ou não determinadas atitudes.
 
Basicamente, mudamos o nosso modo de agir «porque necessitamos de adaptação ao ambiente e às pessoas». As experiências que passamos exigem que a nossa postura seja revista para nos inserirmos num contexto social novo. Enquanto alguns conseguem, outros  mostram-se incapazes por tudo aquilo que são internamente, reforçam os especialistas.
 
Nesse processo, tentamos mover os nossos instintos para uma área em que possamos nos relacionar melhor com as outras pessoas. Por exemplo, pense em alguém que cometeu um erro e magoou profundamente outra pessoa. Para retomar o relacionamento, quem errou pode assumir essa falha e adotar um novo comportamento a partir dessa aprendizagem.
 
Há também um ponto importante que muitas vezes suscita dúvidas que é perceber se o tempo muda as pessoas.
 
Para muitos, o tempo pode ser um mestre, fazendo com que a própria vida seja um espaço de aprendizagem. As pessoas que têm esta perspetiva, conseguem fazer constantes avaliações da sua postura e reformular-se, mas como já dissemos acima, nem toda a gente tem essa capacidade, pelo que há pessoas que nem o tempo as altera porque permanecem no seu meio, no seu grupo e sem grande interesse em analisar e refletir os seus comportamentos.
 
Para os especialistas no assunto, o tempo, na verdade, expõe o ser humano a uma série de experiências que estimulam alterações na postura. Diante de um contexto social diferente, aquilo que nos foi dado nesse tempo caminha para uma reformulação.
 
Outro ponto que desperta muita curiosidade é se alguém muda por estar numa determinada relação e, neste contexto, os entendidos na matéria defendem que, «isso depende da constituição de cada um. Dada a forma como a pessoa é criada e se desenvolveu, assim entende à sua maneira a relação que vive. Há pessoas que encaram um casamento ou uma relação mais séria como um compromisso e, naturalmente estão dispostas a enfrentar novos desafios ao lado do outro, enquanto que há pessoas que entram numa relação para impor as suas ideias e conduzir o relacionamento como bem entendem e a seu belo prazer.
 
Assim, pode dizer-se que, numa relação a base é a mesma: ou há uma adaptação ao novo ambiente e vida familiar, ou simplesmente a pessoa resiste a essa adaptação e permanece da forma inicial.
 
A partir desta análise resumida, percebe-se o fundamento das palavras de Augusto Cury com que iniciamos este apontamento: não vale a pena querer mudar alguém porque a pessoa precisa é de sentir essa necessidade de se adaptar à situação e de se deixar levar pelo prazer ou pela necessidade de proteção. Quando tentamos mudar alguém, estamos a reativar as suas defesas e a fazer com que a pessoa tenha mais necessidade de se proteger de nós. Por isso, é importante amar o outro tal como ele é, aprender a respeitá-lo e a permitir que ele se adapte o melhor possível à convivência connosco. O segredo do mesmo investigador brasileiro é mesmo deixar o outro em liberdade para que sinta e viva à sua maneira, o que naturalmente também acontece connosco se estivermos mais descontraídos numa relação.