Família

Quando os filhos querem mandar nos pais

 
Parece que vai saindo de moda a ideia de que, «as crianças devem ir sempre no banco de trás», pelo que, muitos pais confrontam-se com a má educação dos filhos e não sabem como reagir.

Em primeiro lugar, é preciso registar que os pais são a principal figura de autoridade na vida dos mais novos e, é a eles a quem compete a responsabilidade de educar e de vincar essa posição.
 
Estamos nos tempos modernos, damos mais liberdade aos nossos filhos, deixamo-los crescer com mais autonomia, mas ainda assim, não podemos perder de vista a importância do respeito pelos mais velhos e a capacidade de cumprirem as indicações que os pais lhes fornecem.
 
Na posição dos entendidos nesta matéria, o problema começa quando os pais não sabem transmitir as regras aos filhos e acabam por deixá-los fazer tudo. Os mais novos gritam com os pais, querem fazer tudo à sua maneira, metem-se nas conversas dos adultos, não sabem pedir desculpa, dizer obrigado, perdão e ainda menos cumprimentar uma pessoa na rua. O erro começa sempre pelos adultos que, com tanta necessidade de dar liberdade aos filhos, acabam por deixá-los fazer tudo até ao ponto em que já não conseguem ser respeitados.
 
É verdade que o autoritarismo de outros tempos era excessivo, mas temos de reconhecer que, a libertinagem de hoje também é exagerada.
 
Um dos grandes problemas da educação atual é que os pais, em muitos casos, não se entendem acerca daquilo que pretendem dos mais novos. Um dos progenitores diz uma coisa e o outro autoriza outra, pelo que, no fim das contas, a criança ou jovem não sabe quem tem razão e acaba por fazer o que lhe apetece.
 
Outro ponto não menos importante é o respeito. Os pais não se respeitam e não exigem respeito aos filhos, o que leva a que seja uma gritaria sem que ninguém se entenda e ninguém tem razão.
 
Para ambos os casos, temos sempre de recorrer ao que já dissemos, os pais são os adultos, são os mais velhos e têm de ser a referência de autoridade dentro de casa. São eles que autorizam o que se pode e o que não se deve fazer, são eles que devem dar o exemplo de boa convivência e de respeito, são eles que têm de exigir um melhor comportamento dos filhos, sendo variável a forma que cada família adota para o efeito, mas a base tem de estar lá.
 
Depois, muitas crianças passam demasiado tempo com os avós ou em centros de atividades, pelo que, o pouco tempo que estão em casa e com os pais, em muitos casos, não é suficiente para que a educação se concretize. Os pais acabam por deixar fazer tudo, os avós já deixaram fazer tudo e os centros de atividades deixam fazer tudo porque não têm essa função. Mas afinal, quem educa?
 
Vamos ver, em muitos casos, ninguém e, é por isso que nos deparamos com tantos maus comportamentos nas crianças e jovens.
 
Muitos pais desistem de educar e concentram-se em permitir que os filhos façam tudo porque dá menos trabalho, menos chatices num determinado momento, mas na realidade, nem sempre o caminho mais fácil é o que nos faz vencer e, mais cedo ou mais tarde, esse descarte vai dar os seus resultados negativos.
 
Na posição dos entendidos, a educação deve começar no berço e prolongar-se até à idade adulta, por isso, mesmo quem não teve oportunidade de começar mais cedo, é importante saber que nunca é tarde para iniciar esse processo vital para o desenvolvimento humano.
 
A base de uma boa educação é o diálogo. Explicar à criança ou jovem a razão pela qual não pode fazer isto ou aquilo é vital para que não repita a situação e para que aprenda que há limites. Quando as situações são explicadas, torna-se muito mais fácil educar e obter a compreensão e a colaboração da criança ou jovem.
 
Depois, o afeto também tem de fazer parte do processo. É fundamental que os nossos filhos saibam claramente o quanto nós pais gostamos deles para que se sintam muito mais motivados para cumprirem o que lhes pedimos e, também para que ponderem as consequências dos seus atos. Se souberem que os pais ficam tristes com uma determinada atitude, os filhos vão pensar duas vezes antes de a repetirem.
 
Ao mesmo tempo, o casal tem de definir em conjunto aquilo que espera dos filhos. É através da responsabilidade, do rigor e da exigência que se educam filhos também para esses valores. Sem ser à frente da criança ou jovem, os pais devem encontrar esses pontos de equilíbrio essenciais para que possam transmitir uma mensagem mais forte e numa só voz. Ambos devem estar de acordo naquilo que esperam dos filhos, o que lhes vão permitir e aquilo que, de forma alguma, pode ser aceite e, acima de tudo, não devem discutir as diferenças em frente aos mais novos.
 
No lote das regras devem estar aspetos como ir para a cama a uma determinada hora e cumprir esse horário, sendo a exceção para um dia de festa e explicada, as refeições em família, os bons hábitos à mesa, ninguém levantar a voz e ainda menos permitir que os filhos gritem com os pais, fornecer bons exemplos de forma a que os filhos saibam sempre que, podem ter a sua liberdade, mas que são os pais quem têm a última palavra.
 
Anote que, este modelo de educação permite que brinque descontraidamente com o seu filho, que o mime, que converse com ele sobre todos os assuntos, que façam atividades em família e que todos se respeitem porque “trabalham” todos no mesmo sentido. Os pais envolvem os filhos na educação e estes correspondem porque percebem a importância do processo. Os filhos cumprem as orientações claras e firme dos pais porque estão habituados a esse modelo de vida, porque gostam muito dos pais e porque desejam que a relação seja harmoniosa e saudável.
 
Como reparou, não é assim tão difícil educar e preparar o seu filho para o mundo. Ao mesmo tempo, ele saberá lidar com todos os adultos porque, a partir do momento em que respeita os pais, será capaz de respeitar toda a gente.
 
Fátima Fernandes