Segundo adianta nota do Município de Vila do Bispo, os trabalhos realizados visam clarificar um conjunto de questões referentes ao complexo processo sociocultural de monumentalização megalítica das paisagens neolíticas do Ocidente Europeu. A intervenção arqueológica deu continuidade à 1.ª campanha ocorrida entre março e abril deste ano, tendo desta feita por propósito clarificar a sondagem inicial, melhor compreender a estrutura de implantação do monumento megalítico, definir a lógica e as motivações do corte que o afetou em momento temporal ainda por esclarecer e obter mais amostras de sedimentos da base de implantação do menir e da sua metade tombada, aquando da tentativa de destruição.
As amostras de sedimentos serão objeto de análise laboratorial especializada pela Universidade de Durham, de modo a precisar as cronologias do monumento, do ritual simbólico da sua fundação e do momento em que foi parcialmente amputado.
Além da escavação realizada na base e área envolvente do Menir de Aspradantas, foram efetuadas sondagens em dois monólitos tombados alguns metros a montante, na cumeada, intervenção que confirmou tratar-se de dois fragmentos de um outro menir, entretanto parcialmente destruído e deslocado do seu contexto original de implantação, provavelmente em relação com o grande menir de Aspradantas.
Para o Município, os dados preliminares desta inédita campanha arqueológica no Menir de Aspradantas são «bastante positivos e muito promissores para a compreensão do fenómeno megalítico europeu, que, como se espera confirmar, terá tido nas paisagens pré-históricas de Vila do Bispo as suas primeiras manifestações monumentais».
Refira-se que este projeto é coordenado por Marta Diaz-Guardamino, contando na equipa com Chris Scarre e Florian Cousseau, professores doutorados especialistas em Pré-história e Megalitismo da Universidade de Durham, em Inglaterra, e com Ian Bailiff e Eric Andrieux, professores doutorados especialistas em Geoarqueologia e métodos de datação absoluta em Arqueologia, também da mesma universidade inglesa. A equipa portuguesa foi liderada por Mário Varela Gomes, professor jubilado da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, contando com Ricardo Soares, arqueólogo pré e proto-historiador, especializado no Megalitismo do Barlavento Algarvio, e Ramiro Santos, ambos arqueólogos ao serviço do Museu de Vila do Bispo – Celeiro da História.