De acordo com os entendidos na área da psicologia e, em concreto, no domínio das relações, a chave para uma relação saudável e duradoura é a comunicação.
A forma como expressamos o que sentimos, pode fazer toda a diferença no desenvolvimento da convivência entre as pessoas e determinar o prazo de validade e a qualidade das relações que estabelecemos porque, quando dizemos o que sentimos antes de estarmos saturados com a situação, conseguimos respeitar-nos e respeitar o outro. Quando acumulamos situações, naturalmente vamo-nos sentindo frustrados com a repetição da experiência negativa e acabamos por perder a paciência, a tolerância à frustração e a capacidade de expressar com calma aquilo que sentimos.
De acordo com os entendidos, a chave é falar abertamente com a pessoa quando acontece algo de que não se gosta, que incomoda ou que nos magoa, já que, na maioria das vezes, o outro nem se apercebe do que disse ou fez, mas se o chamarmos a atenção, terá um cuidado acrescido na próxima vez. Com esta fluidez de comunicação, mais facilmente conhecemos o outro e damo-nos a conhecer também, o que evita mal entendidos, conflitos e ruturas que, na maioria das vezes, são dolorosas e desnecessárias.
O segredo é “dizer o que nos incomoda quando nos sentimos incomodados. Não guarde o que sente até ter vontade de explodir, mas saiba expressar-se da melhor forma”, aconselham os especialistas.
Tendo por base um artigo da Aleteia, aprendemos a silenciar o que sentimos por medo da rejeição, de ofender, de sermos magoados, pela educação que recebemos, por insegurança e até devido a traumas que disfarçamos e que nos impedem de libertar o que sentimos de forma respeitosa. Como consequência, acumulamos emoções negativas umas após as outras e, mais cedo ou mais tarde, acabamos por explodir, por dizer o que não devíamos e o que não queríamos, o que, em muitos casos, acaba por agravar a situação.
“O que não dizemos no momento certo e enquanto ainda temos resiliência, acaba por desenvolver uma bomba relógio que pode comprometer a convivência pelo que se diz sem pensar”, daí ser fundamental a comunicação, mas também a qualidade desse diálogo entre as pessoas.
Uma pessoa que silencia o que sente, acaba por mostrar a sua pior versão quando já está esgotada, sem paciência, sem capacidade de pensar antes de reagir e o resultado é que por não querermos magoar o outro inicialmente, acabamos por fazer abrir feridas muito difíceis de fechar quando chegamos ao limite.
Tendemos a acreditar que a raiva é o nosso pior inimigo, que é uma das emoções mais negativas que podemos experimentar, mas em muitos casos, na sua base está a frustração; aquilo que não se diz e que não se faz por medo.
De acordo com a Aleteia, a frustração é uma emoção que se acumula, por isso às vezes é difícil de detectar e estancá-la. Quando percebemos, já estamos tão frustrados que acabamos por explodir e, o problema é que são as pessoas que nos são mais próximas e que mais amamos, o principal alvo dessa nossa frustração. Tal acontece porque, todos temos um certo nível de resistência à frustração que diminui à medida em que estamos expostos a uma mesma situação e agrava-se quando se prolonga no tempo e se repete.
Com pessoas próximas a nós, esse nível de tolerância pode diminuir ainda mais rapidamente, porque nem sempre temos um espaço mais isolado para pensar, analisar e recuperar a calma, logo, perdemos o autocontrole e vamos dizendo coisas desagradáveis e das quais quase sempre nos arrependemos.
Um outro problema reside no facto de o nosso cérebro ativar pensamentos negativos em relação às pessoas que nos fazem sentir frustração. Este é um mecanismo de defesa que o cérebro utiliza para nos afastar daquilo que nos incomoda. Ao não darmos a nossa opinião, ao não dizermos o que sentimos, aquilo que nos incomoda, em pouco tempo acabamos por representar uma imagem negativa das pessoas que nos são mais próximas e que mais amamos e, rapidamente transformamos sentimentos positivos em negativos, a pessoa que nos é tão querida acaba por surgir-nos como a principal fonte da nossa frustração e queremos afastar-nos dela.
Neste sentido, os especialistas recomendam que não deixe passar muito tempo sobre a situação negativa que viveu, que fale, diga o que sente, expresse a sua opinião, permita que o outro também se justifique e que saiba como poderá agir melhor na situação seguinte. Desse modo, estará a evitar pensamentos negativos, tratar mal a pessoa que convive consigo, ser incapaz de ver as suas qualidades positivas e ruminar sobre o assunto, o que em nada ajuda a manter uma convivência saudável e duradoura.
O segredo é dizer o que sente, o que pensa sem ferir aqueles que ama e sem permitir magoar-se ou dizer o que não quer. Assim, quanto menos tempo guardar o que o incomoda, mais garantias estará a dar a si mesmo de que está a ser verdadeiro, autêntico, correto para consigo mesmo e para com quem ama. Não tenha medo de encetar este novo formato que, segundo os especialistas, é a base para uma comunicação positiva, respeitosa e capaz de prolongar-se no tempo.
Comece a partir de hoje a aplicar um hábito de comunicação assertiva e verá que controla a raiva, mantém uma relação positiva, enriquecedora e entusiasmante, pois quando falamos abertamente entendemo-nos melhor, somos mais criativos, expressivos, felizes, livres, interessantes e até afetuosos.