Comportamentos

Aprenda a pensar de “forma diferente”

 
Numa sociedade que tende a reproduzir pessoas semelhantes, importa evidenciar a diferença, aquilo que se afasta de um padrão instituído e que nos impulsiona para dar uma opinião, seguir um desafio e ousar pensar de forma mais alargada e, logo, diferente.

Alguém que pensa de forma diferente sabe que tem a oportunidade de propor ideias inovadoras, ter opiniões alternativas e ver o mundo mais colorido porque é capaz de sair de uma situação de fracasso com a coragem de quem procura sempre uma alternativa.
 
Na posição dos especialistas, “nada é tão relevante para o nosso desenvolvimento pessoal quanto dar lugar a essa renovação mental”. Pensar de forma diferente ajuda-nos a olhar cinco graus ao lado e a encontrar uma solução para um problema e um novo desafio após ter vivido algo de menos positivo.
 
Na realidade, não é fácil sair da nossa zona de conforto e procurar algo novo, correr o risco de ser criticado pelo grupo que pensa de forma semelhante, mas acredite o leitor que, vale sempre a pena procurar uma resposta mais evoluída e atualizada para um problema. Se ficarmos presos “às velhas formas”, certamente que teremos muito menos desafios e interesses pela própria vida. Isto não quer dizer que não se aceite o conjunto de regras que nos são impostas pela sociedade, mas sim que temos liberdade para pensar na realidade sob uma perspetiva diferente também. Pensar de forma diferente, traduz naturalmente encontrar um caminho alternativo, uma forma de vida também ela diferenciadora. É ser capaz de aproveitar uma qualquer situação para desenvolver um novo projeto, uma ideia, algo que seja capaz de surpreender. Naturalmente que isso demora algum tempo. Não mudamos a nossa forma de pensar e toda a nossa programação em seis meses, mas podemos treinar viver de um modo diferente, podemos assumir a nossa posição e definir um estilo que mais e melhor se enquadre naquilo que somos e que pensamos, reconhecendo que esse é um trabalho diário e que perdura pela vida fora.
 
Já dizia Albert Einstein que, “Nenhum problema pode ser resolvido pelo mesmo estado de consciência que o criou”, o que nos leva a concordar que temos de aprender a pensar de forma mais criativa e aberta, reduzindo o preconceito e o julgamento que nos impedem de colocar as coisas numa perspetiva nova.
 
O escritor e matemático John Mighton explica que é a partir dos cinco anos que as crianças começam a avaliar-se e a comparar-se com as outras. É nessa altura que percebem se são inteligentes, começam a entender também a importância de imitar comportamentos, expressões e até opiniões para se sentirem integrados, para não serem menos do que os outros.
 
Essa necessidade de ser como o restante grupo, reduz o ímpeto e o brilho da nossa identidade muito cedo. Assim, de certo modo, poderíamos dizer que há sempre um momento em que somos obrigados a dar um passo  atrás para desaprender tudo o que aprendemos e para nos reformularmos. Faz sentido que passemos por este processo para que percebamos que não temos de ser uma mera cópia dos outros, mas que conseguimos estar integrados mesmo com as nossas diferenças. Depois, é preciso ter em conta que, para pensar de forma diferente da maioria, é necessário cortar com algo que está instituído e que parece só ter uma resposta possível. É quando conseguimos acrescentar o que já existe que nos aproximamos dessa postura diferenciadora tão necessária à nossa sociedade.
 
Para que se compreenda melhor o tema e que se ajude os mais novos nessa tarefa, apresentamos algumas dicas para quem quer pensar de forma diferente:
 
Pensar diferente desde a infância
 
Antes de mais, é preciso reter que, pensar de forma diferente traduz viver de forma diferente.
 
Segundo os especialistas, quando se fala de alguém acostumado a pensar de maneira diferente, visualizamos quase instantaneamente uma pessoa treinada em pensamento lateral. Essa capacidade ou abordagem mental, designada por pensamento lateral por Edward Bono em 1967, “não define completamente esses perfis capazes de emitir respostas e comportamentos alternativos e não-alinhados”. Na verdade, o ato de pensar transcende tudo isso e inclui mais aspetos, realçam.
 
Enquanto o pensamento lateral define o tipo de pensamento orientado para encontrar soluções que vão além da lógica e que se suportam da criatividade, quem pensa de forma diferente desenvolveu muitas outras capacidades. Assim, algo que o conhecido ensaísta e sociólogo Malcolm Gladwell nos diz é que, para dar esse passo, precisaríamos de três pontos:
 
Aprender a pensar melhor.
 
Saber onde investir as nossas energias intelectuais e emocionais.
 
Atrever-se a mudar, transformar, transcender de forma regular sobre as nossas circunstâncias atuais para melhorar, para continuar a avançar dia após dia.
 
Como podemos ver, não se trata de se limitar apenas a emitir ideias, respostas e soluções inovadoras ou criativas. Também devemos ser capazes de “inovar” em nós mesmos. Porque quem pensa diferente também se atreve a viver de forma diferente.
 
Para começar a pensar de forma diferente, é fundamental conhecer os hábitos mentais, quer isto dizer que, todos nós temos uma visão do que nos rodeia, do que é o mundo, mas às vezes tornamo-nos “viciados” na mesma abordagem, limitando completamente as nossas alternativas. Devemos ser capazes de nos colocar em situações que desafiam esses “enclaves enferrujados” para desenvolvermos múltiplas perspetivas mentais.
 
Num segundo ponto é preciso desafiar as convicções, rótulos e esquemas. Além dos nossos hábitos mentais, também temos aqueles cantos do nosso cérebro onde habitam os nossos rótulos, aquelas convicções que formamos com a nossa experiência e que, muitas vezes, se tornam permanentes. Devemos transformá-los também porque, acreditemos ou não, esses esquemas são-nos frequentemente impostos. “Nada é tão perigoso para a nossa liberdade de pensamento quanto usar convicções e rótulos sociais”.
 
Pensar no modo diagnóstico, é o terceiro ponto desta proposta de reflexão.
 
Antes de assumir uma ideia como verdadeira, precisamos analisá-la. Antes de dar veracidade a um boato, devemos colocá-lo sob observação. Duvide de tudo, nunca se fique pela primeira opção, seja capaz de ir além das aparências. “Vamos diagnosticar a nossa realidade para tirarmos as nossas próprias conclusões”, é o principal desafio desta proposta.
 
Para quem quer aprender a pensar de forma diferente, importa ter em conta a mentalidade rebelde, “a emoção que impulsiona a mudança constante” e anotar que, quem se atreve a pensar de forma diferente não é apenas capaz de dar opiniões alternativas, de decidir coisas que os outros não entendem ou aprovam. Essas pessoas gostam disso, há uma componente emocional que as empurra a serem sempre a voz que discorda, a presença que desafia os outros, mas que os leva em conta. Aquela figura que também não tem medo de empreender sozinho novos caminhos.
 
Em suma, pensar diferente é ousar viver de forma alternativa, é ter a chave para essa constante renovação. É preciso libertar-se de forma regular do que o limita, do que apaga a motivação, o desejo de inovar e melhorar. Somos, portanto, capazes de gerar esse impulso, mesmo que isso tenha um alto preço, mesmo que isso nos force a deixar de lado o conforto e a complacência. Acredite que, os resultados vão sempre ser compensados!
 
Fátima Fernandes