Foi inaugurada esta segunda-feira no Teatro das Figuras em Faro, a exposição "Patrícia Almeida - Portobello", realizada a partir de obras da Coleção da Fundação de Serralves, que estará patente ao público até dezembro deste ano.
Esta iniciativa integra-se num programa de exposições e apresentação de obras da Coleção de Serralves - Museu de Arte Contemporânea do Porto, especificamente selecionadas para os locais de exposição com o objetivo de tornar o seu acervo acessível a públicos diversificados de todas as regiões do país.
Este terá sido o projeto que garantiu a Patrícia Almeida uma maior visibilidade: depois da sua apresentação na Galeria Zé dos Bois (ZDB, Lisboa) em 2008 e, no ano seguinte, na segunda edição do Allgarve, a fotógrafa foi nomeada com esta série fotográfica para o Prémio BesPhoto 2009.
Patrícia Almeida (Lisboa, 1970–2017) construiu um corpo de trabalho absolutamente singular no contexto da fotografia portuguesa, através de séries que abordam temáticas e assuntos diversos quanto a relação dos indivíduos com os espaços urbanos, a ligação entre música e juventude, ou a precariedade nos anos da profunda crise económica que assolou Portugal entre 2008 e 2013. Entre estas séries, uma das que mais contribuiu para a divulgação do seu trabalho foi sem dúvida Portobello, realizada em várias visitas ao Algarve entre 2006 e 2007.
Na inauguração esteve presente o pai de Patrícia Almeida, que veio propositadamente do Porto para estar presente neste momento.
O Algarve Primeiro falou com Ana Pinho, Presidente do Conselho de Administração da Fundação Serralves que sublinhou «esta aposta de descentralização que, pela terceira vez se repete em Faro».
Para esta responsável o objetivo, «é levar as exposições a vários locais onde possam ser apreciadas por vários tipos de públicos em todo o país».
O intuito é desta forma mostrar as exposições «é descentralizar o espólio existente em Serralves, seja o nosso seja o material para exposição que temos de vários autores no nosso depósito». Ao mesmo tempo, «temos o objetivo de levar a Arte Contemporânea para junto das pessoas».
Este trabalho foi iniciado em 2016, contando cada vez com mais autarquias parceiras, sendo que se «tem vivido de uma forma intensa, também devido ao elevado interesse que a iniciativa tem suscitado pelas autarquias e, acima de tudo, pelo público, cada vez mais interessado em contactar com as exposições».
A mesma responsável sublinhou «um conjunto de iniciativas que se processam à volta das exposições, como é o caso de formações para professores e monitores, conversas, conferências que, no seu todo, transportam a arte para outros contextos».
Para que se perceba a dimensão desta Fundação, «Serralves dispõe de 18 mil obras, sendo que nem todas são nossas, mas que temos em depósito de outros colecionadores privados, pelo que a aposta é este grande esforço em mostrar essas obras para que o público as possa apreciar», sustentou Ana Pinho.
Na mesma ocasião, o nosso jornal falou com a Curadora da exposição Filipa Loureiro, que nos explicou o seu contexto. «Trata-se de um lado crítico do Algarve, na medida em que, é um projeto que foi desenvolvido entre 2006 e 2008, altura em que já se anunciava a crise que se veio a sentir e, como conseguinte, o turismo era a alternativa para essa crise e, com ele, a construção desenfriada e descontrolada».
Esse é o lado sobre o qual «Patrícia tece alguma crítica» evidenciando neste registo fotográfico a construção descontrolada na região e, ao mesmo tempo, o Algarve do lazer, associado às empresas de diversão.
Esta não é a primeira exposição de Patrícia Almeida que, «por exemplo em 2004, já tinha refletido a realidade de Tóquio nos seus trabalhos, bem como o retrato das periferias urbanas do Vale do Ave no trabalho Locations 2007», confirmou ainda Filipa Loureiro.
Para o Presidente da Câmara Municipal de Faro, «o primeiro contacto com esta iniciativa de Serralves ‘fora de portas’ ocorreu há três anos, concretizou-se e foi muito bem sucedido. Desde então, temos vindo a repetir a parceria muito positiva para ambas as partes».
Rogério Bacalhau sublinhou a notoriedade e o «espólio riquíssimo de Serralves» como uma importante mais valia para este tipo de descentralização.
Não sendo possível para muitas pessoas ir ao Porto ver estas exposições, «é uma oportunidade que o possam fazer perto de casa». Esta exposição «será certamente visitada pelos farenses, bem como por muitas pessoas da região que vêm ao Teatro das Figuras e que a podem apreciar enquanto aguardam pelos espetáculos».
Sendo palco principal para as exposições o Museu Municipal, «fizemos a experiência de apresentar uma exposição no Mercado e correu muito bem e, desta feita, «apostamos no foyer do Teatro das Figuras onde, no ano passado, passaram cerca de 60 mil pessoas, o que é um número representativo e que justifica esta exposição neste local pela qualidade dos trabalhos apresentados».
Rogério Bacalhau realçou também que esta parceria com a Fundação Serralves é para continuar «vamos dar continuidade com pelo menos, uma exposição por ano».