“Há filmes que não contam apenas uma história, eles abrem uma fresta. Nesta edição da Mostra, espreitamos um mundo onde o tempo corre de outra forma, onde a matéria do cinema – imagem, som, silêncio, corpo, luz –, se torna linguagem de memória, de resistência, de pertença. Para celebrar estes 25 anos, reunimos obras que persistem, mesmo depois de os créditos finais se apagarem. A programação percorre geografias, tempos e afetos. Das ruas vibrantes de Mumbai ao silêncio ancestral da floresta Amazónica, dos Alpes de um passado em guerra à adolescência na ilha de Fogo ou às ruas de Kent, cada filme convoca-nos a partilhar histórias de pertença, perda, resistência e descoberta. São narrativas enraizadas no real, mas abertas ao inesperado, com personagens que se procuram a si mesmas nos outros e no mundo em mudança.”, revela Candela Varas, programadora da Mostra.
Para a noite de abertura, o Cineclube de Tavira escolheu um dos filmes mais aplaudidos pela crítica internacional. ‘All We Imagine as Light’, de Payal Kapadia, foi premiado no Festival de Cannes 2024 e nomeado para Melhor Filme de Língua Não Inglesa e Melhor Realizadora nos Globos de Ouro 2025. O filme, que é uma ode à amizade e à esperança, acompanha a vida de três mulheres de classe trabalhadora em Mumbai, na Índia. Para além desta obra-prima, a 17 de julho será também mostrado ao público o resultado da oficina de criação coletiva ‘Palavra Paisagem Escavada’, que decorreu no dia 21 de junho. Dirigido pelas artistas Flora Lahuerta e Natalia Loyola, o momento fez nascer um videopoema, concebido a partir dos vídeos e textos pessoais dos participantes.
Já na noite de 19 de julho, a Mostra irá até Cuba. Através de uma colaboração com o coletivo Archivistas Salvages será apresentada a primeira de quatro curtas-metragens escolhidas para a programação. Intitulada ‘Opus Habana’, a obra é uma das muitas que fazem parte de ‘Los Subterráneos’, o primeiro arquivo de cinema amador cubano, criado pelo coletivo Archivistas Salvajes em colaboração com a EQZE (Elias Querejeta Zine Eskola – no País Basco). Com mais de 300 filmes resgatados e restaurados, o acervo revela um movimento cinematográfico de notável valor histórico e cultural. Com obras até então ignoradas, o arquivo já foi exibido em prestigiados festivais e instituições internacionais, como o Festival de San Sebastián e o Cinéma du Réel. Agora, chega pela primeira vez a Portugal, na Mostra de Cinema de Tavira.
No dia seguinte, a 20 de julho, numa sessão especialmente pensada para celebrar os 25 anos da Mostra, haverá homenagem a David Lynch. Para além de poder ver ou rever o mais surpreendente filme do músico e realizador norte-americano, ‘Uma História Simples’, o público pode ainda apreciar a peça de videoarte ‘Mecanismo Velador’, do realizador peruano Diego Vizcarra, que será acompanhada por uma performance sonora ao vivo, por Shaolines del Amor & Zenial.
Na noite de 23, há a longa-metragem ‘Storm Over Asia’, de Vsevolod Pudovkin. O filme vai ser musicado ao vivo por Tomas Tello, Raul Jardin e pelo músico polaco Łukasz Szałankiewicz (Shaolines del Amor & Zenial).
Já no mês seguinte, na segunda parte da Mostra, o destaque vai para a sessão de 08 de agosto, em que será apresentada a obra cinematográfica ‘As Fado Bicha’, com a presença da realizadora Justine Lemahieu e das Fado Bicha, que possivelmente brindar os presentes com algum dos seus temas. Nessa mesma noite há igualmente ‘Língua Solta’, uma performance que junta poesia e projeção de imagens, concebida e apresentada pela poeta Flora Lahuerta.
No dia 12 de agosto, data em que é exibido o filme Grand Tour, do português Miguel Gomes, o público terá a oportunidade de estar ao vivo com Cláudio da Silva. O ator falará do filme e da sua experiência enquanto elemento do elenco. Esta longa-metragem valeu a Miguel Gomes o prémio de Melhor Realização na edição de 2024 do Festival de Cannes.
A Mostra encerra no dia 17 de agosto, com a apresentação da obra de Eryk Rocha e Gabriela Carneiro da Cunha, ‘A Queda do Céu’. Um documentário emocionante inspirado no livro homónimo de Davi Kopenawa e Bruce Albert, que mergulha na vida e na resistência do povo Yanomami (na Amazónia) revelando a sua relação com a floresta, os espíritos e os ciclos da natureza. O tema vai ser o mote para uma conversa, após a sessão, com o filósofo André Barata. A noite termina com música ao vivo.
Este ano, os bilhetes para cada sessão custam 6 euros para o público em geral e 4 euros para estudantes e sócios do Cineclube. Quem não tiver forma de pagar, poderá ver os filmes da Mostra, trabalhando como voluntário durante o evento. A ideia é que ninguém fique de fora.
De realçar ainda que durante o evento estará aberto ao público o bar da Mostra, na entrada dos Claustros do Convento do Carmo, com petiscos para degustar antes das sessões, durante o intervalo e após os filmes.
Para levar a cabo a iniciativa, o Cineclube de Tavira conta com o apoio da Câmara Municipal de Tavira, do ICA – Instituto do Cinema e do Audiovisual, da Europa Cinemas e de várias empresas privadas.
Mais informação: https://www.cineclube-tavira.com/
Bilhetes à venda na Ticketline, Lojas Fnac e Worten e na bilheteira dos Claustros do Convento do Carmo.