Hidrocefalia

Entende-se por hidrocefalia a acumulação de líquido cefalorraquidiano (LCR) no interior da cavidade craniana (nos ventrículos ou no espaço subaracnóideo). Esta acumulação faz aumentar a pressão intracraniana sobre o cérebro, podendo vir a causar lesões no tecido cerebral e um aumento e inchaço do crânio.

 
Esta patologia está associada ao aparecimento de Spina Bifida. O líquido cefalorraquidiano passa, no cérebro, de um ventrículo para o seguinte (existem, ao todo, quatro) através de canais relativamente estreitos, circulando depois na superfície do cérebro e sendo, finalmente, absorvido pelo sistema sanguíneo. Existe ainda uma parte do líquido que circula ao longo da medula espinhal. 
 
Um primeiro ponto a ser analisado é a dimensão do crânio que é avaliada a partir de exames específicos, como sendo a ecografia e a TAC. 
 
A acumulação de LCR no interior da cavidade craniana dá-se quando, por qualquer razão, existe uma obstrução à drenagem do líquido para o sistema sanguíneo. 
 
Essa obstrução pode estar relacionada com o aparecimento de espinha bífida mas pode, efectivamente, ocorrer por outras razões que devem ser consideradas em caso afirmativo de suspeita. 
 
A hidrocefalia pode resultar do excesso de produção de LCR que é uma situação rara, ou quando é impedida a circulação ou absorção desse líquido. Quando o líquido cefalorraquidiano é constantemente produzido e, está impedido de circular, acumula-se e causa um aumento, por vezes muito grande, da pressão no interior do cérebro. Os ventrículos incham e o tecido cerebral pode vir a sofrer lesões. 
 
Descrição: 
 
O termo hidrocefalia deriva do grego, sendo que, hidro significa água; céfalo, cabeça, que caracteriza uma doença congénita (adquirida durante a gestação) ou adquirida quando ocorre um acúmulo anormal de líquido (líquido cefalo-raquidiano, liquor ou LCR) em áreas específicas do cérebro chamadas de ventrículos. 
 
O LCR produzido nos ventrículos e nos plexos corióides, circula através de um sistema de canais no sistema nervoso central (SNC) e é absorvido na corrente sanguínea. 
 
O liquor tem grande importância na protecção do SNC visto que auxilia no amortecimento de impacto e por ser completamente estéril não permite também a entrada de qualquer substância ou micro organismo que possa lesar o cérebro. 
 
Na hidrocefalia ocorre um desequilíbrio deste líquido em relação à quantidade produzida e reabsorvida. Como consequência, isso leva ao aumento do ventrículo e da pressão no cérebro. 
 
Incidência: 
 
De acordo com os dados disponíveis, estima-se que, a incidência de hidrocefalia é de 1-3 por cada 1000 nascimentos somente para a congénita ou de início precoce, a que se acrescentam as hidrocefalias adquiridas. 
 
Causas: 
 
A hidrocefalia congénita está relacionada principalmente a três causas, embora possam haver outras. 
 
Em primeiro lugar, descreve-se a causa genética, a que se segue a hereditariedade e a espinha bífida, sendo que a prematuridade do bebé também é um factor a considerar. 
 
A hidrocefalia adquirida pode ser causada por: 
 
Infecções: Citomegalovirus, Hepatite, Poliomielite, Toxoplasmose, Varicela, Varíola; Hemorragia intraventricular; Meningite; Traumatismos; Tumores; Cistos: Cisto aracnóide, cisto ependimário, cistos embrionários subcalosos e cisto retrocerebelar; Estenose do Aqueduto Sylvius. 
 
No que se refere à classificação a hidrocefalia pode definir-se como obstrutiva, cuja causa se reflecte num bloqueio no sistema ventricular do cérebro, impedindo que o líquido cérebro-espinhal flua devidamente pelo cérebro e a medula espinhal (Espaço subaracnóideo). 
 
A obstrução pode apresentar-se no nascimento ou nos meses seguintes. Um dos tipos mais comuns é a estenose do aqueduto, que acontece por causa de um estreitamento do aqueduto de Sylvius. 
 
Não-obstrutiva que tem como resultado um déficit da produção do líquor ou da sua absorção. Sendo mais comuns nos sangramento no espaço subaracnóideo. Pode estar presente no nascimento ou podem acontecer depois. 
 
Pressão Normal é um tipo de hidrocefalia adquirida no qual os ventrículos estão aumentados, porém não ocorre aumento da pressão sendo mais comum o seu desenvolvimento no grupo de idosos. 
 
Também os traumatismos podem dar lugar a um conjunto de sintomas que devem ser observados. 
 
Sintomas: 
 
Naturalmente, os efeitos da hidrocefalia reflectem-se na aprendizagem através de dificuldades acrescidas em termos de concentração, raciocínio lógico ou de memória de curto prazo, problemas de coordenação, de organização, dificuldades de localização espaço-temporal, de motivação, puberdade precoce ou dificuldades na visão. No entanto, não é certo que tais situações tenham, necessariamente, de ocorrer na pessoa com Hidrocefalia. 
 
Ao mesmo tempo, são sempre de considerar também os aspectos físicos como sendo o crescimento 
rápido e exagerado do crânio, a fontanela anterior dilatada, constante irritabilidade e ataques epiléticos. 
 
Em crianças mais velhas e em adultos, os sintomas incluem: frequentes dores de cabeça, dificuldades na marcha, perda das habilidades físicas, mudança de personalidade, diminuição da capacidade mental. 
 
Em qualquer idade, os sintomas podem incluir: vómitos e letargia. 
 
Diagnóstico: 
 
Para se apurar o que se passa em termos cranianos, realizam-se exames de diagnóstico como a ecografia que se efectua mesmo durante a gestação. 
 
Também se podem realizar TAC - tomografias computadorizada e ressonância nuclear magnética, exames que permitem delimitar as áreas afectadas com precisão. 
 
A importância de um diagnóstico precoce é fundamental para compreender o problema, mas também para equacionar eventuais terapias e reduzir os efeitos da patologia em caso afirmativo. 
 
É de realçar que, na maioria dos casos, o aumento do crânio se deve a situações simples como a herança familiar dessa estrutura física, ainda assim, por precaução, é importante despistar eventuais problemas, sobretudo se existirem sinais de alerta. 
 
O pediatra, em regra é quem melhor pode encaminhar e diagnosticar eventuais problemas, bem como prescrever exames complementares de diagnóstico que lhe permitam aferir as causas desse aumento craniano. 
 
A observação e estudo familiar são recursos imperiosos para chegar a conclusões. Note-se que, em alguns casos, existe um aumento do crânio motivado por uma macrocefalia familiar que mais não é do que uma herança benigna de um tamanho aumentado do crânio sem quaisquer problemas. 
 
Tratamento: 
 
O tratamento para a hidrocefalia é medicamentoso podendo muitas vezes ser cirúrgico, o qual tem obtido resultados significativos com o uso de Derivação Ventrículo-Peritoneal (DVP) com o intuito de drenar o LCR em excesso nos ventrículos para outras cavidades corporais anulando a pressão causada pelo aumento ventricular. 
 
Embora também possa ser feita drenando o líquido para o átrio direito ou através de terceiro ventriculo, a forma mais utilizada é a derivação ventrículo-peritoneal. Foram encontradas diminuições significativas na mortalidade e na morbidade em crianças hidrocéfalas após a introdução da válvula. 
 
A Fisioterapia neuropediátrica tem obtido sucesso na reabilitação, dentro das capacidades de cada paciente, na hidrocefalia com o objectivo de ganhar controle da cabeça e tronco, de membros superiores e nas actividades de vida diária (AVD) bem como na prevenção de contratura, problemas respiratórios e complicações que possam surgir da própria doença. 
 
Nota: Entenda este artigo como meramente informativo e um ponto de partida para acompanhar os mais pequenos nos locais destinados a fazer esse controle mensal. Em caso de suspeita de algo desviante, o médico pediatra tomará as devidas medidas preventivas para apurar e controlar o problema.