Hepatite C

Hepatite C é uma inflamação do fígado causada pelo vírus HCV, sendo adquirida, na sua maioria, através de transfusões de sangue, pela partilha de seringas e ainda em acidentes profissionais.

 
Neste sentido, o contágio acontece, na maioria das vezes, através da passagem do vírus em situações de exposição ao contacto sanguíneo, através da pele, das mucosas ou pela secreção corporal de alguém infectado, mesmo que o portador desconheça que possui essa doença ou que, seja aparentemente saudável, já que é difícil diagnosticar atempadamente esta patologia. 
 
Ainda assim, a transmissão pela via sexual não é frequente, tal como a passagem da futura mãe para o facto que apenas ocorre em 5% dos casos. Relativamente ao leite materno, não são conhecidos casos desta transmissão até ao momento. 
 
Contrariamente aos casos da Hepatite A e B, a hepatite C não apresenta sintomas e, no caso de ocorrerem são apresentados com pequenos sinais, muitas vezes semelhantes aos de uma gripe. 
 
Mais de 80% dos portadores de hepatite C estão propensos ao desenvolvimento de hepatite crónica e a sua descoberta ocorre aquando se realizam exames por quaisquer outros motivos, pois raramente acontece uma sintomatologia acentuada. Uma manifestação da doença ocorre geralmente alguns anos após o contágio sendo frequente o surgimento da cirrose e, em alguns casos, o cancro do fígado. 
 
O diagnóstico: 
 
Aquando o paciente realiza análises ao sangue, quer seja de rotina ou por uma qualquer complicação ou suspeita do clínico, pode acontecer que verifique números elevados de uma enzima hepática conhecida por 
TGP ou ALT. 
 
Essa alteração deve motivar uma investigação relativa a doenças hepáticas, entre elas, a Hepatite C. 
 
A pesquisa diagnóstica procura anticorpos circulantes contra o vírus C (Anti-HCV). Quando estes estão presentes, podem indicar uma infecção anterior ou actual. Segue-se a confirmação de infecção actual através da identificação do vírus no sangue, pelo método da Reação da Cadeia da Polimerase (PCR RNA-HCV). Com a evolução, aparecem alterações nas análises ao sangue e na ecografia (ultrassonografia) ao abdómen. 
 
Estes exames são geralmente suportados por uma biopsia hepática (em que é retirado um fragmento do fígado com uma agulha) para determinar a grau da doença e a necessidade ou não de tratamento. São realizadas também a detecção do tipo de vírus (genotipagem) e é averiguada a quantidade de carga viral. Todos estes exames são fundamentais para que se possa definir um tratamento. 
 
Tratamento: 
 
Nos raros casos em que a hepatite C é descoberta na fase aguda, o tratamento indicado tem em vista diminuir o risco de evolução para uma hepatite crónica, prevenindo assim o risco de cirrose e cancro. Usa-se para esses casos o tratamento com interferon num período de 6 meses. 
 
O tratamento da Hepatite C crónica tem vindo a apresentar resultados cada vez mais eficazes, a ponto de se registarem cerca de 90% dos casos com sucesso. O tratamento pode decorrer entre 6 e 48 semanas, sendo variável de paciente para paciente e do estado mais ou menos avançado da doença. 
 
Os efeitos indesejáveis (colaterais) dos medicamentos utilizados em geral são toleráveis e contornáveis, porém, raramente, são uma limitação à continuidade do tratamento. 
 
A decisão de tratar ou não a patologia bem como a definição do tempo de tratamento é sempre da responsabilidade da equipa médica que assiste o paciente, pelo que não é demais reforçar a importância desse acompanhamento e, evitar a auto-medicação. 
 
Em termos evolutivos, pode-se adiantar que, nos últimos anos têm surgido novas alternativas terapêuticas, sendo que minimizam o tempo de tratamento, bem como os seus efeitos secundários. 
 
A prevenção: 
 
Uma das medidas importantes que grandemente tem contribuído para a redução dos contágios da hepatite C é, sem dúvida o rigor que existe nos locais de colheita de sangue, facto que assegura a utilização individual dos utensílios de colheita, bem como análises altamente rigorosas ao doador. 
 
Desta forma, há uma certificação de que, o destinatário do sangue, o recebe em perfeitas condições e sem risco de contágio. Ao mesmo tempo, as muitas campanhas levadas a cabo pelas instituições de tratamento e acompanhamento dos grupos de risco (toxicodependentes, portadores da Hepatite C, do vírus HIV – Sida têm permitido uma maior consciência face à não partilha de seringas e, preferencialmente uma maior consciência social do contágio. 
 
No seu todo, a prevenção começa pela aquisição de hábitos de vida mais saudáveis, onde se inclui o abandono do consumo de drogas, sem esquecer o álcool. Neste último caso, ainda são muitas as preocupações, sobretudo porque os jovens continuam a consumir quantidades excessivas de bebidas alcoólicas, o que compromete a saúde e fragiliza o organismo face ao aparecimento de problemas hepáticos. 
 
A par dos cuidados de higiene indispensáveis com todos os utensílios cortantes e que possam ser partilháveis, aumentando o risco de transmissão desta doença, importa ainda que se evitem os comportamentos de risco acima referidos, já que a prevenção é sempre o melhor tratamento contra uma qualquer patologia. Certificar-se de que existe esse cuidado na esterilização dos objectos cortantes, estará igualmente a reduzir as hipóteses de contrair este vírus. 
 
No caso das relações sexuais ocasionais, nunca é demais alertar para o uso rigoroso do preservativo, pois não nos podemos esquecer de que, todo o cuidado é pouco, quer para prevenir a Hepatite C, quer como protecção face a outras doenças. Até ao momento, descarta-se a hipótese de contágio através da saliva.